Comando Vermelho atinge nível nacional de atuação e TCP usa mesma técnica de expansão; entenda | Rio de Janeiro

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Comando Vermelho é a maior facção do estado do Rio e tem ganhado notoriedade nacional - Arquivo / Reginaldo Pimenta / Agência O Dia



Comando Vermelho é a maior facção do estado do Rio e tem ganhado notoriedade nacionalArquivo / Reginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio – Considerada uma facção que atua em âmbito nacional, o Comando Vermelho estaria envolvido em todos os confrontos de grupos organizados do Brasil. A declaração é do coordenador-geral de análise de conjuntura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Pedro de Souza Mesquita, que explica como a organização conseguiu chegar a praticamente todos os estados do país. Além disso, informações de inteligência apontam que o Terceiro Comando Puro (TCP) tem usado as mesmas técnicas de expansão.

O tema foi discutido em audiência na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Senado e divulgado nesta quinta-feira (6), quase 10 dias após a megaoperação nos complexos da Penha e Alemão, na Zona Norte do Rio, considerada a mais letal da história, com 121 mortos, sendo 117 suspeitos e quatro policiais.

Segundo Pedro, o avanço teve início a partir da criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), implementadas no Rio de Janeiro a partir de dezembro de 2008.

“A fagulha desse processo (o avanço) é uma externalidade negativa do próprio processo de UPP. A partir do momento em que esses líderes são levados para fora do Rio de Janeiro, eles inevitavelmente vão buscando as fronteiras norte, vão buscando outros lugares para atuar, para se organizar e para poder retornar para o Rio de Janeiro”, explicou.

De acordo com o mapeamento feito pela Abin, em 2013, o Comando Vermelho estava no Tocantins, no Pará, em Rondônia e Santa Catarina, além do Rio de Janeiro. E a partir de 2023, a facção só atua como principal grupo em Roraima e no Amapá, mas ainda assim está presente na região. Assim como em outros estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.

De que forma ocorreu o avanço?

Como forma de expandir o território, o Comando Vermelho passou a se aliar a grupos que enfrentavam o avanço do PCC ainda em 2013.

“Ele começou a oferecer para esses grupos uma rede de acesso logístico a armas e drogas, uma cadeia de comando muito mais descentralizada do que a facção paulista, e a partir disso ele foi se proliferando, e mais recentemente a gente viu o caso de oferecer como um atrativo, um homizio (esconderijo) em comunidades do Rio de Janeiro”, ressaltou Pedro de Souza Mesquita, coordenador-geral da Abin.

Expansão do Terceiro Comando Puro (TCP)

Ainda em audiência, o coordenador-geral da Abin citou que o Terceiro Comando Puro (TCP) tem adotado táticas de expansão usadas pelo Comando Vermelho (CV), tornando atuante também em território nacional. As facções são consideradas rivais e travam uma guerra por espaço em diversas comunidades do Rio.

“A ascensão do Terceiro Comando Puro do Rio de Janeiro em âmbito nacional ocorre replicando em muito o método do próprio Comando Vermelho e ocupando os lugares em que o PCC era predominante e hoje já não é mais, porque cada vez mais se olha para fora. Então hoje, quando a gente olha para esse avanço do TCP, vemos que ele está no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Acre, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. E é interessante esse processo porque ele adota o mesmo método”, narrou Pedro.

Segundo a Abin, a organização passou a agir da mesma forma em que o CV começou anos atrás.

“Ele (TCP) foi ocupando, só que ao invés de oferecer uma resistência ao PCC, ele foi oferecendo uma resistência ao Comando Vermelho. Ele ofereceu a mesma rede de fornecimento de fuzil, a mesma rede de fornecimento de droga e começou a oferecer o mesmo pretenso homizio (esconderijo) em comunidades também da facção no Rio de Janeiro. O que mais nos preocupa nessa ascensão é que a gente está vendo um processo de nacionalização de uma lógica fluminense”, disse.

A megaoperação deixou 117 suspeitos mortos, se tornando a ação mais letal da história do Brasil. No dia da incursão, a Polícia Civil confirmou 58 mortes, mas moradores das comunidades encontraram 63 corpos na Serra da Misericórdia, área de mata entre os complexos da Penha e Alemão, e colocaram na Praça São Lucas.

Entre os mortos, 40 eram de outros estados, como Espírito Santo, Goiás, Bahia, Amazonas e Pará. De acordo com as investigações, alguns dos suspeitos eram apontados como lideranças do tráfico de drogas em seu estado de origem e estavam escondidos no Rio de Janeiro.



Com informações da fonte
https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2025/11/7159267-comando-vermelho-atinge-nivel-nacional-de-atuacao-e-tcp-usa-mesma-tecnica-de-expansao-entenda.html

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