“Para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia.” II Pedro 3.8
Confesso: gostaria de ser mais paciente com o tempo.
Há momentos em que exponho toda minha impaciência e frustração por ele não seguir o meu roteiro.
Recentemente, tivemos uma discussão intensa. Planejava algo importante, convicto de que, em um ano, estaria tudo resolvido. O tempo, debochadamente e sem cerimônias, me respondeu:
“Um ano? Você só pode estar brincando. Isso aí vai levar pelo menos cinco.”
A irritação tomou conta. Perdi a compostura e pedi, sem rodeios, que ele me deixasse em paz.
Às vezes, sinto que o tempo me trata como se eu fosse eterno. Mas não sou. Não tenho mil anos para viver, nem sou capaz de transformar um único dia numa eternidade. Sei que sou passageiro, vulnerável, finito — como água escorrendo entre os dedos. Basta um vírus invisível para me lembrar de tudo isso.
Passados alguns dias, com a raiva mais amena e o coração menos ansioso, decidi convidá-lo novamente para conversar — agora, com calma.
Pedi desculpas e quis entender por que tantos planos não seguem o cronograma que estabeleço. E ele, com a sabedoria de um mestre experiente, me respondeu com gentileza:
“Na maioria das vezes, você nem sabe pedir. Confunde desejo com necessidade. E se eu atendesse ao que você quer, no tempo que quer, estaria colocando você contra si mesmo.”
Foi duro ouvir, mas importante!
Com serenidade, ele continuou:
“Você quer muito, mas ainda não está pronto. Sua alma precisa amadurecer antes que eu entregue o que você me pede.”
Fiquei surpreso. E, por mais desconfortável que tenha sido, reconheci: ele tinha razão. Aceitar isso me trouxe uma paz que há muito eu não sentia.
Nos despedimos em um misto de frustração e gratidão. Descobri, enfim, que o tempo pode ser visto como um inimigo cruel — ou como um professor paciente, que nos prepara com firmeza para aquilo que ainda não suportaríamos receber.
O sociólogo francês François de Singly acrescenta:
“A maturidade afetiva é aprender a esperar sem perder o sentido do presente.”
Nas relações familiares, entre casais, entre pais e filhos, essa verdade se aplica de forma intensa. Nem tudo que queremos está pronto para acontecer. E, muitas vezes, nem nós estamos prontos para o que tanto desejamos.
Dar um tempo ao tempo é, talvez, o maior gesto de amor próprio e de sabedoria nas relações. Porque quem aprende a esperar não perde, mas ganha.
Com informações da fonte
https://extra.globo.com/blogs/boto-fe/post/2025/09/da-um-tempo-ao-tempo-quando-esperar-e-ambiente-de-amadurecimento-e-aprendizado-sobre-si-mesmo.ghtml
Dá um tempo ao tempo: quando esperar é ambiente de amadurecimento e aprendizado sobre si mesmo
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