A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, nesta quarta-feira, a Operação “Modo Selva”, que visa a combater uma organização criminosa que movimentou mais de R$ 20 milhões em golpes aplicados com o uso de deepfakes. O esquema de fraudes ocorre com o uso de inteligência artificial para produzir vídeos falsos de famosos, como a modelo brasileira Gisele Bündchen. Segundo a polícia, o grupo induzia as vítimas a adquirirem produtos pagando apenas o frete.
A operação de combate à lavagem de dinheiro e a estelionatos virtuais cumpre 26 mandados judiciais, sendo sete de prisão e nove de busca e apreensão, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco, São Paulo e Bahia. Quatro pessoas foram presas em Canoas (RS) e no estado de São Paulo, em Piracicaba e Hortolândia.
Em agosto deste ano, Gisele utilizou as redes sociais para denunciar o uso indevido de sua imagem com inteligência artificial. À época, a modelo mostrou um conteúdo patrocinado, que na verdade era falso, e alertou seus seguidores.
“Tem várias contas fazendo anúncio falso com a minha imagem e voz manipulada pela inteligência artificial. Cuidado para não ser vítima de fraude. Denuncie!”, escreveu.
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A operação teve início quando uma vítima procurou a polícia após ser vítima de um golpe, no valor de apenas R$ 44,57, ao adquirir um “kit antirrugas grátis” em uma campanha publicitária. Segundo as investigações, os suspeitos utilizavam os nomes de grandes marcas nacionais para cometer os crimes, e o conteúdo era divulgado em perfis falsos nas redes sociais.
“O que chamou a atenção dos investigadores não foi apenas o valor relativamente baixo do prejuízo, mas a sofisticação técnica por trás do golpe. Os criminosos haviam criado um vídeo com “deepfake” da imagem e voz de Gisele Bündchen, fazendo parecer que a modelo estava realmente promovendo o produto inexistente”, diz a polícia.
Além de Gisele Bündchen, também foram encontrados materiais fraudulentos usando a imagem das artistas Angélica Huck, Juliette, Maísa e Sabrina Sato. As pessoas interessadas nos produtos eram encaminhadas para sites em que forneciam dados pessoais e realizavam pagamentos via PIX.
Conforme informações da polícia, os principais suspeitos controlavam “múltiplas contas bancárias”, ofereciam uma espécie de “mentoria” para ensinar técnicas de golpes instituições financeiras de fachada.