A Polícia Civil de Pernambuco investiga a origem dos destilados vendidos em um caminhão durante a realização de um festival de rock no município de Lajedo, no agreste do estado. As vítimas de intoxicação pelo derivado de petróleo aconteceu depois que o comprador e dois amigos consumiram uísque vendido pelo dono do veículo, possivelmente proveniente de São Paulo. Os agentes suspeitam que a bebida alcoólica estava adulterada.
Os três homens, identificados como Jonas da Silva Filho, Marcelo dos Santos Calado e Celso da Silva, deram entrada no Hospital Municipal Maria da Penha no final de agosto e início de setembro. Somente um sobreviveu, embora com a visão comprometida, de acordo com informações divulgadas durante uma coletiva da Polícia Civil e da Secretaria de Saúde, nesta quarta-feira (1).
— A esposa de uma das vítimas nos apresentou algumas garrafas de uísque supostamente corrompidas, então nós, de imediato, procedemos a oitiva dessa senhora enquanto seu marido estava em estado grave no hospital — disse o delegado titular da Delegacia de Lajedo, Cledinaldo Orico.
A vítima sobrevivente relatou que a bebida foi comprada em um caminhão na cidade do Belo Jardim, distante cerca de 45 km de Lajedo.
— Eles estavam ali juntos e aí eles fizeram esse consumo, né? As cidades não são distantes, né? Inclusive houve um festival de rock lá em Lajedo, período em que eles fizeram esse consumo lá — afirmou Orico, acrescentando que o veículo “possivelmente veio de São Paulo”.
O delegado, no entanto, ressaltou que o sobrevivente apresentou contradições no relato e que as informações ainda estão sendo checadas.
Nas últimas semanas, o estado de São Paulo registrou um surto de intoxicações por metanol decorrente do consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Até terça-feira (30), eram 22 casos, sendo sete confirmados e 15 em investigação. No país, já são 29 casos suspeitos de contaminação por metanol.
— Importante ressaltar que esse assunto, hoje, é um tema de alerta nacional — pontuou a diretora da Apevisa, Karla Baêta. A diretora também informou que a agência está em contato com a superintendência do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em Pernambuco, órgão responsável pelo registro, fiscalização e regulamentação de bebidas alcoólicas no Brasil.
— O ideal, e o que deve acontecer, é uma operação conjunta entre a Previsa, o Ministério Público, o Ministério da Agricultura, a Delegacia do Consumidor e o Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) — antecipou a diretora.
* Estagiária sob supervisão de Alfredo Mergulhão