Padre é feito refém com armas na cabeça em assalto à casa paroquial no interior do Ceará

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O que antes era sinônimo de tranquilidade virou palco de terror. A cidade de Frecheirinha, no interior do Ceará, foi sacudida por um episódio que escancara a escalada da violência em regiões outrora pacatas do Brasil. Na tarde da última quinta-feira (4), o padre Emídio Moura, da Paróquia de Nossa Senhora da Saúde, foi feito refém por criminosos armados que invadiram a casa paroquial e o ameaçaram com duas armas apontadas para a cabeça. A violência psicológica sofrida pelo padre e pelos demais reféns, incluindo ameaças de tiro na boca, mostra o grau de crueldade e desrespeito à vida humana que tem se espalhado pelo interior do país.

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Nem o sagrado escapa da criminalidade

A invasão à casa paroquial em plena luz do dia, durante os festejos religiosos, revela um cenário alarmante: nem os espaços de fé estão imunes à ação de criminosos. O grupo, formado por ao menos quatro homens encapuzados, agiu com extrema violência e ousadia. Segundo relatos do próprio padre durante uma missa transmitida após o ocorrido, os criminosos afirmaram ter recebido informações de que o religioso guardava R$ 100 mil em espécie. Sem encontrar a quantia, os assaltantes levaram celulares, joias doadas para sorteios religiosos, dinheiro arrecadado nos festejos da padroeira e até o carro do padre, uma Hilux SW4, posteriormente abandonada em um matagal.

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Fronteiras abertas, facções em trânsito e fuzis em circulação

Especialistas em segurança pública apontam que a fragilidade nas fronteiras brasileiras tem facilitado a entrada de armamentos de grosso calibre, como fuzis, que acabam nas mãos de facções criminosas. A migração dessas organizações entre estados, sem controle efetivo, tem transformado cidades pequenas em zonas de conflito. O Ceará, em especial, tem sido alvo de disputas entre facções como Comando Vermelho e Guardiões do Estado, que se expandem por rotas de tráfico e lavagem de dinheiro.

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Impunidade e legislação ultrapassada alimentam o caos

A sensação de insegurança é agravada pela impunidade. A legislação penal brasileira, considerada por muitos especialistas como defasada, aliada à política de desencarceramento promovida pelo governo federal, tem dificultado a contenção da criminalidade. A falta de punição efetiva e o retorno precoce de criminosos às ruas criam um ciclo vicioso que ameaça a paz social.

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Frecheirinha é só um retrato

O caso do padre Emídio não é isolado. Ele representa uma tendência preocupante: o avanço da violência para o interior do país, onde o Estado parece cada vez mais ausente. A população, acuada, clama por reforço no policiamento e por medidas concretas que devolvam a segurança às comunidades.
Como disse o próprio padre, com tristeza: “Hoje foi comigo, amanhã pode ser com outros. Tivemos até sorte”.

com informações do g1



Conteúdo Original

2025-09-06 06:45:00

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