O guia indonésio Ali Musthofa, de 20 anos, que acompanhava Juliana Marins em uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, falou publicamente sobre o acidente que tirou a vida da brasileira. Em entrevista a um podcast local, segundo o g1, ele relembrou os momentos antes da queda da publicitária, de 26 anos, moradora de Niterói. Juliana foi encontrada morta quatro dias depois, em uma região de difícil acesso do segundo vulcão mais alto do país.
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Ali Musthofa, de 20 anos, relatou que Juliana estava exausta e ficou para trás durante o trecho mais crítico da expedição, realizada com outros cinco turistas. Ele conta que, por segurança, pediu que a brasileira esperasse enquanto verificava a situação dos demais integrantes do grupo.
“Ela era a mais lenta, estava muito cansada. Disse para ela esperar ali enquanto eu checava os outros. Quando voltei, ela não estava mais lá.”
Era a primeira vez de Juliana no local. Segundo o guia, ela contratou um pacote de trilha compartilhado, que era mais barato, mas sem assistência exclusiva. A diferença? Cerca de US$ 100, o equivalente a pouco mais de R$ 500.
“Eu tinha seis pessoas. Os demais seguiram adiante. Fiquei preocupado com o grupo da frente porque, quando você chega e sai do cume do Rinjani, é muito perigoso”, explica.
Ao voltar para o ponto onde havia deixado Juliana, Ali não a encontrou. Mas, ao olhar para baixo, viu uma lanterna acesa a cerca de 150 metros de profundidade.
“Tive a sensação de que era Juliana. Eu entrei em pânico”, conta ele, afirmando que, mesmo diante da gravidade da situação, ainda teve esperança: “Fiquei dois dias no monte acompanhando as buscas. Eu acreditava que ela ainda estava viva.”
De acordo com especialistas brasileiros, Juliana pode ter sobrevivido por até 32 horas após a queda. Para Ali, o fato de ela ter tentado se mover agravou a situação.
“Acredito que ela se moveu procurando uma maneira de subir. Quando ela queria tentar o caminho para cima, ia mais para baixo. Eu gritava para ela lá de cima, para ela esperar e nunca, nunca se mover. Ela só conseguia dizer ‘help me’.”
A morte de Juliana gerou comoção entre brasileiros que fazem turismo de aventura no Sudeste Asiático e também trouxe consequências para o guia. Após o ocorrido, Ali Musthofa foi proibido de trabalhar na região do Rinjani e de subir ao vulcão mesmo como turista. Ele diz que gostaria de se desculpar com a família de Juliana. O guia lembrou que chegou a falar com a família de Marins, na Embaixada do Brasil na Indonésia e que ouviu a seguinte frase do pai da publicitária: “Você matou minha filha”.
O caso ainda está sob investigação pelas autoridades locais. Apesar da repercussão, Ali diz estar disposto a enfrentar as consequências.
“Eu fiz o máximo para salvar a Juliana. Mas, infelizmente, Deus quis outra coisa”, concluiu.
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Guia relata desespero de Juliana Marins após queda em trilha na Indonésia: 'Eu gritava para ela esperar e não se mover'
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