Duras críticas da direita, lideradas por Rogério Amorim (PL), e até mesmo de parte da esquerda marcaram, nesta terça-feira (16), a votação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 76/2025, de autoria do prefeito Eduardo Paes (PSD). A proposta autoriza o Município do Rio de Janeiro a contratar um empréstimo de até R$ 882,8 milhões junto à Caixa Econômica Federal. O objetivo declarado é financiar obras de prevenção de enchentes na bacia do Rio Acari e promover urbanização em comunidades como o Complexo do Alemão e a Rocinha. A oposição, no entanto, acusa a gestão de má administração dos recursos e levanta suspeitas sobre o real destino do dinheiro — que, segundo parlamentares, pode ser usado com fins eleitoreiros.
Promessa de obras versus suspeitas
A base governista sustenta que os investimentos beneficiarão diretamente populações vulneráveis. Já a oposição denuncia que o discurso foi manipulado para parecer social, quando os verdadeiros beneficiados seriam os bancos e credores. A proposta, aprovada em primeira discussão, ainda precisa passar por segunda votação. Entre as obras previstas estão a canalização de trechos do Rio Acari, melhorias na drenagem e contenção de encostas no Alemão, além da implantação de planos inclinados e novas unidades habitacionais na Rocinha.
Críticas da direita: ‘Cheque especial disfarçado’
Rogério Amorim foi um dos mais contundentes:
“Eduardo Paes diz que o empréstimo é para alguma coisa, mas capitaliza esse valor e desvia o orçamento oficial para uma fonte de uso livre, às vésperas de campanha. Isso funciona como cheque especial. Hoje o prefeito pede dinheiro, amanhã quem paga é o povo. Daqui a 10 anos será menos dinheiro para educação, saúde e desenvolvimento.”
Ele também questionou a repetição de promessas:
“Esse mesmo valor foi emprestado há dez anos para a mesma coisa. Onde ele colocou esse dinheiro? Se não fez antes, por que agora irá fazer?”
Rafael Satiê (PL) reforçou o ataque:
“Mais um discurso populista da esquerda. Quem vai lucrar com o empréstimo é banqueiro. O poder público não consegue nem fazer o básico. A obra não vai acontecer.”
Mesmo entre a esquerda, o projeto não passou ileso. Mônica Benício (PSOL) votou a favor, mas fez duras críticas:
“Nosso voto será favorável, mas crítico. O prefeito tinha essas intervenções indicadas desde 2021, não fez com o dinheiro da venda da Cedae e agora usa os recursos para fazer sua politicagem eleitoreira. Não se importa de fato com a cidade.”
Próximos passos
O projeto segue para segunda votação, em meio a um clima de desconfiança. A disputa em torno do empréstimo escancara não apenas divergências políticas, mas também o embate sobre responsabilidade fiscal, transparência e prioridades na gestão pública carioca.