Empresário diz que passeou com cachorros antes de ser preso em academia pela morte de gari, aponta Polícia Civil

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Empresário René da Silva Nogueira Júnior é casado com a delegada Ana Paula Balbino, da PCMG — Foto: Reprodução


Policiais da Delegacia de Homicídios de Minas Gerais afirmaram que René da Silva Nogueira Junior, acusado de matar a tiros um gari numa briga de trânsito em Belo Horizonte, foi embora de “forma tranquila” do local do crime, após efetuar os disparos. Em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, os agentes disseram que o suspeito foi para a academia e ainda passeou com os cachorros após o episódio.

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— Ele relatou o dia dele, que saiu de casa às 8h07, contou do itinerário na empresa e o do almoço, onde ele retornou à casa dele. Teria trocado de roupa, desceu com os cachorros para passear com os cachorros e depois foi para a academia, onde foi abordado — contou o delegado Evandro Radaelli, afirmando ainda que o empresário negou qualquer participação no crime.

Segundo a polícia, mesmo alterado por conta da discussão, o empresário não mostrou desespero ou nervosismo após o assassinato. As afirmações dos delegados foram baseadas nos depoimentos colhidos com os garis:

— Todas as testemunhas foram uníssonas ao afirmar que o autor estava muito alterado. Eles pediram paciência para o autor, porque era uma rua estreita com carros estacionados dos dois lados, mas ele não quis esperar. Começou a esbravejar, a motorista manobrou o caminhão e pediram para ele passar. Ele passou, freou o carro bruscamente, voltou e deu um golpe na arma. O carregador caiu, ele reinseriu o carregador, apontou para a vítima, disparou e foi embora caminhando de forma tranquila, mas com aquele semblante de bravo — relatou o delegado Matheus Moraes Barros.

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A polícia chegou ao autor dos disparos através do relato de testemunhas, que o reconheceram, e também das informações da placa do carro. Os agentes apreenderam ainda uma arma da esposa de René da Silva Nogueira Junior, a delegada da Polícia Civil Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, para analisar se os disparos foram feitos com ela.

Ainda na coletiva, o delegado Saulo Castro, porta-voz da Polícia Civil de Minas Gerais, garantiu que a Corregedoria da corporação abriu um Processo Administrativo Disciplinar para investigar se o empresário tinha acesso à arma da delegada e se ela sabia do crime. Em depoimento, ela negou saber da participação dele no crime. Por enquanto, sem nada que ligue ela ao assassinato, a agente continuará em seu cargo.

O caso aconteceu nesta segunda-feira em Vista Alegre, no Oeste da capital mineira. O boletim de ocorrência aponta que René dirigia um carro da marca BYD quando, por volta das 9h, se aproximou de um caminhão de lixo, que vinha na direção contrária. O motorista do veículo teria ameaçado a condutora do caminhão e dito que iria “atirar na cara dela”, caso não desse passagem. Na sequência, ele teria disparado contra os garis e atingido Laudemir.

O gari foi atingido no peito. Ele chegou a ser levado para um hospital de Contagem, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo foi levado ao Instituto Médico-Legal (IML), submetido a exames e, posteriormente, liberado aos familiares.

René foi preso horas depois em uma academia de alto padrão do bairro Estoril. Ele foi encaminhado ao sistema prisional e vai responder pelos crimes de ameaça e homicídio qualificado, por motivo fútil e uso de recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima.

O GLOBO ainda não conseguiu contato com a defesa de René. Pelo Instagram, o prefeito de BH prestou solidariedade à família do gari, que trabalhava para uma empresa terceirizada, a Localix Serviços Ambientais, que lamentou a perda e chamou o caso de “violência injustificável”.



Conteúdo Original

2025-08-13 03:30:00

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