A crise provocada pelas declarações do historiador Eduardo Bueno, o Peninha, explodiu no coração do Senado e expôs fissuras profundas entre os discursos de tolerância e as práticas políticas da esquerda. Nesta quarta-feira (17), o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, anunciou o afastamento imediato do escritor do Conselho Editorial do Senado Federal, órgão responsável por publicações institucionais da Casa. Peninha havia sido nomeado como colaborador externo, mas sua permanência tornou-se insustentável após a repercussão de um vídeo em que ele comemora o assassinato do ativista conservador norte-americano Charlie Kirk.
A decisão veio após forte pressão da oposição, que classificou as falas como “asquerosas” e alertou para o risco de comprometimento da imagem do Senado. “Se criticamos discursos de ódio vindos da direita, temos que ter a mesma postura quando eles partem da esquerda”, admitiu Alcolumbre, em resposta à questão de ordem do senador Rogério Marinho (PL-RN), que liderou o movimento pela exoneração e reuniu quase 40 assinaturas de senadores.
A atitude de Peninha, além de gerar indignação, colocou em risco a credibilidade institucional do Senado, ao associar o Conselho Editorial — espaço de memória e representação histórica — a discursos que celebram violência política contra o conservadorismo.
Incoerência ideológica e intolerância universitária
O caso também reacende críticas à militância universitária que, segundo políticos conservadores, promove cancelamentos seletivos e hostiliza figuras públicas alinhadas à direita que enfrentam resistência e até agressões em ambientes acadêmicos. Também pressionada pela opinião pública, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) cancelou um evento com Peninha após a repercussão negativa do vídeo.
“É uma esquerda que prega o amor, mas não tolera o contraditório”, disparou o senador Magno Malta (PL-ES), ao formalizar o pedido de exoneração de Peninha. A fala ecoa entre bolsonaristas que denunciam perseguições ideológicas e censura em espaços públicos e privados.
Além da atuação no Senado, a oposição também chamou a atenção para contratos que Peninha teria firmado com o governo federal, incluindo parcerias com a Caixa Econômica, o que também teria motivado pedidos para esclarecimento dos critérios de financiamento de projetos culturais ligados ao Executivo.
Retrato de um embate político
O afastamento de Peninha marca mais do que uma resposta institucional. A direita, articulada e vocal, exige coerência e responsabilização. Já a esquerda, ao tentar se desvincular do episódio, enfrenta o desafio de manter sua narrativa de tolerância e inclusão diante de atitudes que contradizem o que alegam ser seus próprios princípios.
A crise e a polarização ainda estão longe de terminar — e o Senado, encurralado entre a coerência institucional e a guerra ideológica, terá que provar que ainda é capaz de liderar com firmeza num país cada vez mais dividido.