Diaba Loira, traficante executada no Rio, era filha de PM da reserva em Santa Catarina

Tempo de leitura: 5 min




Antes de ser executada e se tornar conhecida como Diaba Loira e integrar facções criminosas no Rio, como Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP), Eweline Passos Rodrigues levava uma vida aparentemente comum em Tubarão, Santa Catarina. Filha de um policial militar da reserva, chamado Roberto Carlos Rodrigues, aposentado em 2018, ela cresceu em uma família que, nas palavras do delegado André Crisóstomo, da 5ª DRP, “sempre foi trabalhadora”.
Eweline trabalhou como vendedora de cosméticos e perfumes, alfaiate e cobradora interna, com salários entre R$ 1.017 e R$ 1.346. Ela também abriu uma pequena empresa voltada para promoção de vendas, com capital social de R$ 3 mil, e vendia doces e trufas para pagar a mensalidade do curso de Direito que cursava em Santa Catarina. Em seu perfil nas redes sociais, misturava momentos da vida profissional com fotos em família, incluindo registros das gravidezes e interações com amigos e parentes.
— A mãe dela mora em Tubarão, e a família dela é do bem e trabalhadora. Os dados que temos é que ela queria muito crescer no crime. Se colocava à disposição para executar inimigos da facção para ganhar moral — contou o delegado André Crisóstomo, da 5ª DP, em Tubarão.
Segundo o ex-advogado de Eweline, Leonardo Reinaldo Duarte, que a defendeu quando foi indiciada por tráfico de drogas em Santa Catarina, em 2024, a traficante cresceu em um lar de trabalhadores: o pai era policial militar da reserva e o ex-marido atuava como jogador de futebol profissional.
Segundo ele, Diaba Loira era casada e tinha dois filhos, que ficaram em Santa Catarina sob os cuidados da avó Marilza da Silva Passos, mãe da traficante morta.
— Na época em que defendi o caso dela, em 2024, fiz porque conhecia o pai dela, era uma pessoa correta, ex policial militar — contou Duarte.
De vítima de tentativa de feminicídio a traficante do TCP
A vida de Eweline mudou radicalmente em 25 de agosto de 2022, quando sofreu uma tentativa de feminicídio em Capivari de Baixo, cidade vizinha a Tubarão. O ex-companheiro, pai de seus dois filhos, a atacou com uma facada no pulmão enquanto estava na casa onde moravam, obrigando-a a passar por cirurgia de emergência. O sujeito e a família alegavam que ela havia se apossado de uma quantia em dinheiro dele. O ex-marido foi absolvido pelo júri.
— A primeira vez que me deparei com a Eweline foi quando ela foi vítima de uma tentativa de feminicídio. O sujeito e a família alegavam que ela havia se apossado de uma quantia em dinheiro dele — disse Crisóstomo.
Após o ataque, Eweline passou a ser investigada por tráfico de drogas em Tubarão. A primeira prisão aconteceu em maio de 2023, quando, ao se envolver em um acidente de carro, policiais militares encontraram sete gramas de cocaína no veículo e constataram que ela realizava tele-entrega de drogas. Uma segunda prisão ocorreu em janeiro de 2024, por porte ilegal de arma de fogo e tráfico, quando se deslocava para executar outro desafeto da facção.
Em ambas as ocasiões, conseguiu liberdade provisória com uso de tornozeleira eletrônica, mas burlou o equipamento e se tornou foragida, migrando definitivamente para o Rio. No Rio, Eweline integrou inicialmente o Comando Vermelho (CV) e, após rompimento com a facção, se aliou ao Terceiro Comando Puro (TCP). Segundo a Polícia Civil fluminense, investiga-se se a primeira facção é responsável por sua morte, ocorrida em Cascadura, na Zona Norte da cidade, na última quinta-feira.
Em vida, Diaba Loira não se envolvia com o crime por “emoção”, como chegou a afirmar em vídeos:
“Eu não estou no crime por emoção. Entrei porque tive motivos. Comecei depois de velha, e isso foi culpa da polícia, que não fez nada pelo que aconteceu comigo lá em Santa Catarina. Aquilo me empurrou para o crime. Não aconselho ninguém a seguir esse caminho, mas hoje não quero mais largar, e nem dá para largar. Não quero mesmo”, disse Eweline em uma das publicações.



Conteúdo Original

Compartilhe este artigo
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *