CPI das Câmeras amplia investigações e mira locadoras, ferros-velhos, roubos de cargas e crimes com ouro

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A CPI das Câmeras da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) decidiu ampliar o alcance das investigações. Além das empresas de instalação de câmeras em locais públicos e das cooperativas ligadas à recuperação de veículos roubados, a comissão também vai apurar a atuação de locadoras de automóveis, ferros-velhos, esquemas de roubo de cargas e o uso de ouro em atividades criminosas.

Na reunião desta segunda-feira (8), foram aprovadas 13 deliberações. Entre elas, a solicitação à empresa Black Hawk, especializada em recuperação de veículos, de três documentos: a lista de policiais que já trabalharam na companhia, o relatório de todos os automóveis recuperados e seus respectivos locais, além da relação de associações clientes.

Também foi aprovada a convocação de funcionários para depoimentos, o envio de ofício ao Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre contratos de empregados e a comunicação à Polícia Militar para verificar se a corporação tinha conhecimento da atuação do major Paulo Fernandes junto à Black Hawk. O próprio oficial será ouvido pela CPI.

Locadoras e ferros-velhos entram na pauta

O presidente da comissão, deputado Alexandre Knoploch (PL), informou que locadoras como Movida e Localiza também serão chamadas a prestar esclarecimentos. Segundo ele, a medida foi tomada após representantes da Black Hawk citarem essas empresas como clientes.

Knoploch afirmou que há suspeita de inconsistências na forma de contabilizar serviços prestados quando veículos das locadoras são recuperados, já que essas operações poderiam estar registradas apenas como “serviço de reboque” na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).

O parlamentar também destacou que a CPI vai investigar práticas como roubo de cargas, receptação de cobre furtado em ferros-velhos e o uso de ouro em esquemas de lavagem de dinheiro, em referência à prisão do deputado estadual TH Joias (ex-MDB).

Pressão sobre a Rioben

Outro alvo da comissão foi a Rioben, associação de proteção veicular. A presidente da entidade, Nathalia Paiva David, de 23 anos, quase foi presa em flagrante durante depoimento após ser acusada de atuar como “laranja” do tio Saed David Fuerte, apontado como o verdadeiro dono da empresa.

A versão de Nathalia de que não havia parentes ligados à Rioben foi contestada pelos deputados, que apontaram vínculos com a empresa MMA, administrada por outro tio, Marcus David Fuerte, além de menções a seu pai, Sérgio Belo David, e ao tio Paulo David Fuerte.

Diante das contradições, a CPI aprovou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telemático da Rioben, de Nathalia e de familiares ligados ao caso, além da MMA. A comissão também solicitou relatórios de veículos recuperados junto a associações e seguradoras.

Convocação de cooperativas ausentes

Na mesma reunião, os deputados deliberaram pela convocação de todas as cooperativas e associações que não compareceram à CPI, apesar de representarem parte das 449 entidades do setor que atuam sem regulamentação no estado.

Segundo Knoploch, 21 empresas foram chamadas, mas algumas ignoraram o convite, entre elas a APVS, considerada um dos principais alvos das investigações. Diante da dificuldade em localizar representantes, a CPI pediu apoio da polícia para garantir a entrega das intimações.

Sobre a CPI

Instalada em 16 de junho, a CPI foi criada por iniciativa de Alexandre Knoploch e investiga empresas privadas de instalação de câmeras em locais públicos, além de associações de recuperação de veículos.

A comissão é presidida por Knoploch (PL), com Marcelo Dino (União) como vice-presidente e Filippe Poubel (PL) como relator. Os membros titulares são Rodrigo Amorim (União) e Luiz Paulo (PSD). Já os suplentes são Alan Lopes (PL), Renan Jordy (PL), Professor Josemar (PSOL), Thiago Rangel (Avante) e Sarah Poncio (SDD).

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Rodrigo Da Matta é formado em Jornalismo, Radialismo e Marketing, com especialização em Comunicação Governamental e Marketing Político pelo IDP. Atualmente, é graduando em Publicidade e Propaganda, Ciências Políticas e Gestão Pública.
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