ArtRio chega à 15ª edição sob nova direção em meio a semana de arte

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Em março, o anúncio de que Brenda Valansi, fundadora e então presidente da ArtRio, havia deixado o evento surpreendeu artistas e galeristas. A Dream Factory, sócia da feira desde 2019, assumiu 100% da direção do projeto, que pretende alcançar voos ainda mais altos. Para a direção artística, foi convocada Maria Luz Bridger, que fez parte da empreitada no início e se afastou por um breve período. Duda Magalhães, CEO da Dream Factory, garante que não haverá “mudança brusca de rota” na 15ª edição, que ocupa a Marina da Glória de quarta (10) a domingo (14). “A gente vem construindo um plano há seis anos, e ele foi se tornando visível. Com a nossa expertise, vamos aperfeiçoar a experiência que já existe”, promete.

Joelson Gomes: o artista pernambucano integra o programa Brasil Contemporâneo com a série Infinitamente Sertão (Número Galeria/Divulgação)

Neste ano, cerca de oitenta galerias vão expor obras modernas e contemporâneas, de nomes como OsGemeos e Beatriz Milhazes. Além do Panorama, com parceiros reconhecidos, quatro programas terão curadorias convidadas: o Solo, com Adhemar Britto, que traz mostras individuais; o Brasil Contemporâneo, capitaneado por Paula Borghi, privilegiando criadores fora do eixo Rio-São Paulo; o Mira, dedicado a videoarte, a cargo da Pinacoteca de São Paulo; e o Jardim de Esculturas, que apresenta obras de grandes dimensões escolhidas por Christiane Laclau. Os organizadores esperam receber entre 55 e 60 000 visitantes.

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Muhcab: museu na Gamboa é um dos equipamentos culturais do município participantes da primeira edição da Semana de Arte e Cultura do Rio de Janeiro (Thiago Lara/Riotur)
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A grande novidade de 2025 é que a ArtRio acontece em meio à primeira Semana de Arte e Cultura do Rio de Janeiro, de 7 a 14 de setembro, com mais de 120 atrações, da Zona Sul à Zona Norte. Se nos anos anteriores a feira já fazia a programação da cidade ferver informalmente, agora há, efetivamente, uma parceria com a Secretaria Municipal de Cultura. Primeiro, centros culturais puderam inscrever seus eventos através de chamada pública.

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Lucas Padilha: o Rio tem tudo para desenvolver um mercado das artes, diz o secretário (@/Divulgação)

Além disso, oito equipamentos municipais — como o Muhcab, na Gamboa, e o Parque Glória Maria, em Santa Teresa — terão atrações. Vans sairão da Marina da Glória para levar o público a esses lugares, e a expectativa é transportar até quatrocentas pessoas por dia. A agenda inclui mostras, performances, música e dança. A pasta, aliás, terá um estande no evento, com obras de 33 artistas, sob curadoria de Cesar Oiticica Filho, diretor do Centro de Arte Hélio Oiticica. As ruas serão estampadas com painéis de quinze medalhões brasileiros — entre eles, Vik Muniz, Ana Bella Geiger e Miguel Rio Branco —, em um convênio com a Clear Channel.

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O objetivo é, até 2028, firmar no calendário carioca um grande evento com uma extensa programação dedicada a diversas linguagens artísticas, tendo a ArtRio como “grande âncora”. O Festival de Edimburgo, na Escócia, e feiras como a Art Basel de Miami e a Semana de Arte de Berlim servem de inspiração. Por trás de eventos como o Carnaval de rua e a Maratona do Rio, a Dream Factory é considerada a parceira ideal pelo secretário municipal de Cultura, Lucas Padilha.

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Thix: pintora gaúcha viu sua carreira ser alçada a outro patamar ao participar pela primeira vez do evento, há dois anos (Silvia Cintra + Box 4/Divulgação)
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“O Rio é a capital dos grandes eventos, e a gente tem tudo para desenvolver um mercado de artes e de experiências ao vivo, vocações da cidade”, defende. Maria Luz, a diretora artística, frisa que a ArtRio já integra o calendário internacional e, neste ano, a proximidade com a Bienal de São Paulo foi importante para viabilizar um roteiro na ponte aérea. “Tem muita gente vindo pra cá. Tate, de Londres, Guggenheim, de Nova York, Moca, de Los Angeles, e Pérez, de Miami, estão trazendo grupos”, celebra.

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Embora a cidade sempre tenha sido celeiro de grandes nomes, antes da ArtRio não havia por aqui um grande evento que contribuísse para a formação de público e que desse visibilidade a novos artistas — a título de comparação, a Bienal de Arte de São Paulo realiza, em 2025, sua 36ª edição. A feira carioca, além de promover o Prêmio Foco, que contempla artistas com até quinze anos de carreira, é uma vitrine e tanto. Um exemplo é Thix, porto-alegrense radicada no Rio que participou do evento pela primeira vez em 2023.

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Graças à ArtRio, a pintora que retrata a identidade queer e trans em sua obra entrou no radar da galeria carioca Silvia Cintra + Box 4, que, primeiro, comprou uma obra sua e, mais tarde, passou a representá-la. No ano passado, expondo pela primeira vez no pavilhão principal, chamou a atenção do Museu de Arte do Rio (MAR), que adquiriu uma tela para seu acervo. Este ano, ela estará no programa Solo. “A feira tem uma importância enorme na minha carreira, desde o início. Todo ano recebo uma notícia boa”, avalia Thix. O mundo das artes carioca está mesmo em franco movimento.

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