Quarenta e cinco anos depois de apresentar a performance histórica O Pão Nosso de Cada Dia na 39ª Bienal de Veneza, em 1980, Anna Bella Geiger edita uma nova versão da obra ao vivo e a cores em apresentação única neste sábado (13), às 15h, na Cinemateca do MAM. Sentada sobre uma poltrona classuda, a artista de 92 anos mastiga uma fatia de pão de forma e, à medida em que vai mordendo, forma-se um mapa do Brasil. “Eu entro em cena, sento numa cadeira e realmente não baixa santo nenhum, mas eu fico muito concentrada para que tenha aquele sentimento de que eu estou esvaziando o Brasil”, conta a artista que já começou a se preparar para esculpir a mordidas perfeitas. “Já estou treinando para não dar errado, tem que ser com muita precisão”.
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A obra foi idealizada em 1978 no contexto da ditadura militar, e foi apresentada pouco tempo depois em Veneza. Neste ano, a encenação foi apresentada em São Paulo por iniciativa da Atto Arte, Instituto Comadre e Mendes Wood DM, que viabilizaram a documentação da performance — transformada em videoarte. “O significado de comer o pão tinha a ver com a ideia de que o Brasil estava ficando sem sentido naquele momento de grande tensão e preocupação”, observa Anna Bella Geiger.
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Após a apresentação inédita no Rio, que acontece em paralelo à Primeira Semana de Arte do Rio e ArtRio, a videoarte será doada para o MAM. “Essa performance foi apresentada uma vez e não foi registrada. Achamos interessante trazer a obra para mencionar os pontos históricos e trazer o debate sobre escassez, fome e esvaziamento para o momento atual”, explica Gabriela Davies, uma das idealizadoras da Comadre — plataforma independente e colaborativa de arte contemporânea.
Nos vemos no sábado?
MAM. Avenida Infante Dom Henrique, 85, Parque do Flamengo. Sáb., 15h. Grátis.