Menos da metade do grupo de elite da polícia do Rio usou câmeras em megaoperação, aponta MPRJ | Rio de Janeiro

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MP relata ao STF lesões atípicas em operação que deixou 121 mortos - Reginaldo Pimenta/Agência O Dia




MP relata ao STF lesões atípicas em operação que deixou 121 mortosReginaldo Pimenta/Agência O Dia

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apontou que menos da metade dos policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (Core) utilizou câmeras corporais na megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou 121 mortos.
Participaram da ação 128 agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), mas apenas 57 estavam com o equipamento. A informação foi repassada pelo coordenador da Core, delegado Fabrício Oliveira Pereira, em depoimento ao MP-RJ, na última segunda-feira (10). Já dos 215 policiais da tropa de elite da PM, só 77 tinham câmeras, segundo o comandante do Bope, Marcelo Corbage.

Segundo os chefes das duas tropas, não havia baterias reservas para os equipamentos. Corbage afirmou que não esperava que a megaoperação durasse 12 horas, como ocorreu, mas sim entre 5h a 6h.

A transcrição da oitiva foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (12) , junto com outros documentos sobre a atuação do MP envolvendo a megaoperação.

De acordo com o delegado Fabrício Oliveira Pereira, a Core tem 100 câmeras disponíveis, mas houve um problema na liberação dos equipamentos, que deixou ao menos 32 indisponíveis.

“A gente teve 57 policiais com câmeras. Para 32, a própria empresa [responsável pelos equipamentos] disse que, no dia, estavam indisponíveis por um problema deles, da empresa”, afirmou o coordenador.

O delegado também disse que, além do problema reconhecido pela empresa, outros policiais também relataram não terem conseguido retirar as câmeras.

“Os que não estavam utilizando câmeras, eles relataram que encontraram problemas para retirar. A empresa alega que apenas 32 estavam indisponibilizadas, mas a verdade é que houve um problema operacional”, declarou Pereira. “Em determinado momento começou a dar problema. O policial tentava e não conseguia. Aí ficou naquilo, vai pro outro, não conseguia”, acrescentou.

No depoimento, o coordenador da Core afirmou que problemas desse tipo já haviam ocorrido “pontualmente”, mas não nessa intensidade. Pereira ressaltou, no entanto, que o efetivo da operação foi muito maior do que o normalmente empregado.

Pereira também relatou que não há confirmação de mortes causadas por membros da Core. Segundo ele, alguns agentes encontraram quatro corpos, mas não é possível afirmar que tenham sido os responsáveis pelas mortes.

Lesões atípicas nos corpos 

O MPRJ enviou ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, um relatório parcial da investigação envolvendo a morte de 121 pessoas que seriam ligadas à organização criminosa Comando Vermelho (CV) e que foram alvo da Operação Contenção, realizada no dia 28 de outubro.

O relatório apontou duas mortes que foram consideradas atípicas em operações desse nível. Após acompanhar o trabalho de perícia dos 121 corpos, o MP encontrou ‘lesões atípicas’ em dois cadáveres. Um deles apresentou marcas de tiros à curta distância. O segundo corpo estava decapitado por instrumento cortante.

Os demais corpos apresentavam lesões internas e externas, provocadas por tiros de fuzil. A maioria delas localizada na região do tórax e do abdômen, características de confrontos armados, segundo os promotores.

O documento ainda confirmou que todos os mortos eram homens, na faixa etária entre 20 e 30 anos. Alguns acusados estavam usando roupas camufladas, botas operacionais, coletes com carregadores de munição e luvas táticas. Nos bolsos das roupas foram encontradas munições, celulares e ‘erva prensada’.

“A maioria dos corpos exibia múltiplas tatuagens, algumas sabidamente referentes a facções criminosas e ao extermínio de policiais”, acrescenta o relatório.

O MPRJ também informou ao ministro os próximos passos do trabalho de investigação. Os promotores vão fazer a análise minuciosa das câmeras corporais dos policiais que participaram da operação e a análise do local do confronto.



Com informações da fonte
https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2025/11/7162822-menos-da-metade-do-grupo-de-elite-da-policia-do-rio-usou-cameras-em-megaoperacao-aponta-mprj.html

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