Sob gestão de Derrite na Segurança Pública, polícia de São Paulo matou e prendeu mais

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A gestão de Derrite ficou marcada pela disparada na letalidade dos agentes, principalmente da Polícia Militar — Foto: Secretaria da Segurança Pública/07-08-2024


Alçado a relator do PL Antifacção do governo federal, o deputado Guilherme Derrite (PP) enfrentou uma série de polêmicas e uma disparada da letalidade policial desde que assumiu a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo, no início de 2023. Ao mesmo tempo, o secretário licenciado viu uma queda de 11,4% em crimes violentos com mortes e 20,8% nos casos de roubos. Agora, aposta na projeção oferecida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para se cacifar a uma vaga ao Senado ou mesmo suceder o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), caso este decida disputar a Presidência em 2026.

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A gestão de Derrite ficou marcada pela disparada na letalidade dos agentes, principalmente da Polícia Militar. Em 2022, último ano do mandato de João Doria e Rodrigo Garcia, foram registradas 421 mortes em decorrência de intervenção policial no estado. O número aumentou para 504 no primeiro ano de governo Tarcísio e 813 no ano passado, influenciado por operações como Escudo e Verão, no litoral paulista.

— Foto: Editoria de Arte

— A Escudo simboliza o modo de gestão de Derrite: uma resposta política e emocional, não técnica. Foi uma ação atabalhoada, iniciada como reação à morte de um policial — diz Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz.

Ao mesmo tempo, o secretário e o governador foram pressionados por uma série de flagrantes de abuso no uso da força. Entre os casos mais ruidosos está a morte do menino Ryan, de 4 anos, durante uma perseguição em Santos, além do vídeo que mostra um soldado da PM jogando um motoboy do alto de uma ponte, mesmo sem sinal de resistência à abordagem.

Derrite e Tarcísio defendem a administração sob o argumento de que indicadores criminais estão em queda e de que a “produtividade policial” aumentou. Fazem referência à quantidade de homicídios, latrocínios e lesão corporal seguida de morte, crimes violentos que tiveram queda de 11,4% entre 2022 e 2024. Outro dado divulgado com frequência é o número de prisões efetuadas, que passou de 146 mil para 166 mil no período.

Entre os crimes violentos sem vítimas fatais, as tentativas de homicídio aumentaram 2,1%, as lesões corporais dolosas, 15,9%, e os estupros, 10,1%. Houve queda nos crimes contra o patrimônio, com menos 20,8% de roubos e 1,4% de furtos. Estelionatos tiveram alta de 31,1%, com a profusão de golpes digitais, diz o Anuário de Segurança Pública.

Embora furtos e roubos tenham caído, a diretora-executiva do Sou da Paz observa que a sensação de insegurança segue alta, já que os crimes violentos permanecem em patamar elevado.

O período de Derrite na SSP teve ainda disputas de protagonismo entre Tarcísio e o governo federal quanto a operações policiais como a Carbono Oculto. Ambas as gestões fizeram coletivas de imprensa separadas e tentaram colher os louros das investigações, que descobriram ligações suspeitas do PCC até na Faria Lima, centro financeiro de São Paulo.

O embate mais recente ocorreu com a megaoperação da polícia do Rio, que deixou 121 mortos. Enquanto Tarcísio prestou solidariedade ao governador Cláudio Castro (PL) e alegou que não havia alternativa ao confronto policial pelo domínio de território do Comando Vermelho, o presidente Lula classificou a ação como “matança”.



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/11/12/sob-gestao-de-derrite-na-seguranca-publica-policia-de-sao-paulo-matou-e-prendeu-mais.ghtml

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