Tráfico x Milícia. Trump x Bolsonaro | Coluna do Kakay

Tempo de leitura: 5 min
"A milícia tem seu espaço reservado e privilegiado na ultradireita no Estado do Rio de Janeiro e, muito especialmente, na cidade mais bonita do mundo" - Arte: Kiko



“A milícia tem seu espaço reservado e privilegiado na ultradireita no Estado do Rio de Janeiro e, muito especialmente, na cidade mais bonita do mundo”Arte: Kiko

“É preciso falar de esperança todos os dias, só para que ninguém esqueça que ela
existe.”
Mia Couto

Numa mesma página de jornal, li duas matérias preocupantes. Uma falava que Cláudio Castro, depois da operação eleitoreira que matou 121 pessoas – nenhuma com condenação criminal, 43 sem passagem pela polícia e 4 policiais militares, sendo que nenhum dos 121 assassinados estava na denúncia que originou a operação que, por sinal, não conseguiu prender ou matar o líder da organização criminosa -, subiu 10 pontos na pesquisa e conseguiu mais de 1 milhão de seguidores.

A outra relatava que o Presidente Trump ostenta o menor nível de aprovação de um Presidente da República dos EUA: 37%. Não tenhamos dúvida, podemos esperar uma invasão militar na Venezuela, um recrudescimento dos assassinatos nos barcos a pretexto de matar narcotraficantes, em claríssimo desrespeito às convenções internacionais, e vamos botar as barbas de molho: a possibilidade de uma intervenção armada pontual no Brasil. O cenário está sendo montado. Aprova-se a ideia do narcoterrorista e atende-se ao chamado do senador carioca bolsonarista para invadir e bombardear o Rio de Janeiro.

Por paradoxal que possa parecer, a segurança no Rio de Janeiro, no tocante a uma invasão norte-americana, passa por consolidar uma história que ganha força junto aos estudiosos e entendedores da área: um motivo forte para a desastrada operação é “proteger” o território da milícia que vinha sendo invadido pelo Comando Vermelho.

É de conhecimento geral que a milícia ocupa no Rio de Janeiro um território muitas vezes maior do que o do tráfico. Chegam a falar em 60 % da área do Rio dominada pela milícia. Morro e asfalto. Talvez restem as praias. Se essa história se confirmar, poderemos ter o grupo bolsonarista contra a invasão militar dos EUA no Rio de Janeiro. Não vão querer cometer suicídio, chamando-os para bombardear a milícia.

A milícia tem seu espaço reservado e privilegiado na ultradireita no Estado do Rio de Janeiro e, muito especialmente, na cidade mais bonita do mundo. Tudo bem que, na tentativa de golpe, os bolsonaristas, em regra, indigentes intelectuais, produziram as principais provas para a condenação. Algo nunca visto no processo penal. Teratológico.

Mas daí a pedir que sejam, eles próprios, atacados com mísseis, acredito que seria demais. Os milicianos estão cada vez mais fortes na estrutura de poder, todos os Poderes constituídos, no Rio de Janeiro. Todos nós sabemos a força da milícia. O próprio líder da ultradireita, o ex-presidente Bolsonaro, defendeu abertamente, em dezembro de 2008, a importância da milícia. E já havia exaltado os grupos de extermínio.

Uma questão nova e preocupante é a de que o ex-presidente será, ainda neste mês, recolhido à penitenciária da Papuda. A milícia, até onde se sabe, nunca se ocupou do sistema carcerário. Já o crime organizado tem uma força considerável. É importante as forças de segurança e de inteligência estarem atentas. A união da milícia com o tráfico seria o pior dos mundos.

Como bem nos disse Marcelo Freixo:

“A milícia não nasceu no cárcere. A origem está nas relações políticas, com setores da polícia dominando. O começo é no poder: domínios, territórios de interesse e eleição política. Não tem como falar da milícia sem falar da política.”

Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay



Com informações da fonte
https://odia.ig.com.br/colunas/coluna-do-kakay/2025/11/7158663-trafico-x-milicia-trump-x-bolsonaro.html

Compartilhe este artigo
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *