PM do Bope cuja câmera corporal filmou furto de perfumes e roupas em casa no Alemão é preso em viatura

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A prisão foi decretada pela juíza Ana Paula de Pena Barros, da Auditoria Militar do Rio, a pedido do Ministério Público. O cabo foi detido na madrugada de sexta-feira para sábado, dentro de uma viatura de ações táticas motorizadas, contrariando a versão oficial fornecida pela corporação de que os PMs envolvidos na ocorrência estariam afastados das ruas e em funções administrativas. Atualmente lotado no 2º BPM (Botafogo), Leandro foi encaminhado para a Unidade Prisional da PM, no bairro Fonseca, em Niterói, onde permanece à disposição da Justiça.

No mesmo dia, a Justiça cumpriu um mandado de busca e apreensão na residência do policial. A diligência, porém, não localizou nenhum dos objetos furtados da residência na ocasião.

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O episódio ocorreu em 15 de janeiro de 2025, durante a Operação Caixinha, deflagrada pelo Bope no Complexo do Alemão com o objetivo de capturar Fhillip da Silva Gregório, o Professor, apontado como um dos principais fornecedores de armas do Comando Vermelho (CV), a maior facção criminosa do estado. O traficante escapou da ação e acabou morto em junho. O vídeo, contudo, só veio a público na última terça-feira, revelado pelo blog após ser entregue ao Ministério Público, tornando-se peça central na investigação.

Segundo o mandado expedido pela Justiça, Leandro responde por quatro crimes previstos no Código Penal Militar: furto simples (artigo 222), que é a subtração de bem alheio; furto qualificado (artigo 226), aplicado quando o crime ocorre em grupo ou durante serviço; peculato (artigo 259), caracterizado pela apropriação de bens em razão da função pública; e violação de domicílio qualificada (artigo 242, parágrafo 2º), quando a invasão é feita por militar armado e sem mandado judicial.

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Se somadas as penas máximas previstas, a condenação pode chegar a 31 anos de prisão. Considerando as punições mínimas, se aplicadas em conjunto, somariam seis anos e meio de reclusão.

Por nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou apenas que “foi cumprido mandado de prisão em desfavor de um policial militar que pertencia ao Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE)”. Segundo a corporação, o militar “foi encaminhado para a Delegacia de Polícia Judiciária Militar, onde foram adotadas todas as formalidades legais para condução à Unidade Prisional”.

As imagens gravadas pela câmera corporal do cabo mostram os policiais entrando em uma casa de dois andares sem mandado judicial e realizando uma primeira ronda. Um deles abre a geladeira, pega uma lata de energético, bebe alguns goles e divide com colegas.

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Em seguida, parte da tropa fica no térreo conversando com os moradores, enquanto outros sobem novamente para os quartos. Lá, deixam os fuzis apoiados em móveis e passam a selecionar roupas, perfumes e sapatos.

O comportamento lembra clientes em uma loja. Policiais separam camisas de grife, mexem em gavetas de roupas íntimas, enchem mochilas e conversam sobre numeração e modelos de tênis. Um deles afirma que os calçados custariam “mais de dois mil contos”.

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A mesma excitação aparece diante de perfumes importados. Frascos de 212 VIP Black e 1 Million são testados, comentados e comparados. Em tom de brincadeira, um dos militares diz que precisa de um Playstation e que esvaziaria a mochila caso encontrasse o videogame. Outro ironiza que levaria uma caixa de som JBL se tivesse com a viatura por perto.

As gravações só existem porque Leandro, aparentemente, esqueceu de desligar sua câmera corporal. Ao mesmo tempo em que produziu a prova central, ele próprio aparece cometendo os furtos, o que motivou o pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público. A investigação está sob responsabilidade da 1ª DPJM. Os oito policiais identificados foram ouvidos, mas apenas o cabo teve a prisão decretada até agora.

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Na última quinta-feira, o Bope publicou em suas redes sociais uma nota sobre o episódio. A mensagem, posteriormente apagada, afirmava que a corporação tinha consciência da gravidade das imagens e que não compactuava com desvios de conduta. Reconhecia ainda que, historicamente, em contextos de conflitos armados, havia a prática do chamado “espólio de guerra”, mas ressaltava que esse comportamento é inaceitável em uma tropa profissional e precisa ser combatido com firmeza.