Seis anos após a Proclamação da República brasileira, nascia uma outra nação. Às 21h de 17 de novembro de 1895, seis jovens remadores fundaram o Grupo de Regatas do Flamengo, no casarão de número 22 da praia de mesmo nome. Foi o pontapé inicial, com remos, da história centenária do clube mais querido do Brasil, que arregimenta milhões de corações.
A semente da criação de um clube de remo, o esporte da elite carioca, foi regada no tradicional Café Lamas, localizado na esquina da Rua do Catete com o Largo do Machado. Mas o fruto amadureceu nas águas da Guanabara no dia 6 de outubro de 1895. A bordo da Pherusa (nome que remete às ninfas marinhas da mitologia grega)os jovens remadores enfrentaram uma forte tormenta que, por pouco, não lhes custou a vida.
Apesar das avarias na embarcação, Felisberto Laport, José Agostinho Pereira da Cunha, José Felix da Cunha Menezes, Mário Spinola, Maurício Rodrigues Pereira e Nestor de Barros foram resgatados e, 42 dias depois, estavam sãos e salvos para assinar a criação do tão sonhado grupo de regatas. A baleeira, infelizmente, não estava lá para presenciar o feito — fora roubada dos fundos do casarão da Praia do Flamengo, de propriedade de Nestor, antes da fundação.
Ali, a ata assinada por 19 pessoas definiu os primeiros termos do clube: a data oficial da criação seria dia 15 de novembro para ser celebrado junto às festividades da proclamação e as cores seriam azul, como o mar o e céu, e o ouro, representando as riquezas do país.
Foi com essas cores que a primeira embarcação do Grupo de Regatas do Flamengo foi ao mar no mês seguinte com embarcação Scyra. A sorte não foi das melhores: terminou em último lugar. O pódio só veio no ano seguinte. No dia do aniversário, a canoa Cecy conquistou o segundo lugar da regata em homenagem a São Roque. Com a medalha no pescoço, o uniforme azul e dourado foi aposentado pelos custos de reposição — o sol e a água salgada desbotavam.
Remadores do Flamengo
André Mello
Primeira vitória em 1899
Pouco mais de um ano depois da fundação do Flamengo, uma mudança no estatuto gerou o nascimento de um símbolo: no dia 23 de novembro de 1896, as cores azul e ouro deram lugar ao manto vermelho e preto que ganharia o mundo.
A origem do manto sagrado rubro-negro foi, sobretudo pela praticidade. Tecidos vermelhos e pretos eram mais baratos e mais fáceis de encontrar no comércio. Mas havia um quê de superstição. Até aquele momento, o azul e dourado não havia vencido uma regata sequer.
O resultado veio em junho de 1898. Porém não valeu. No campeonato realizado pela União de Regatas Fluminense, o Flamengo venceu com a embarcação Irerê. No entanto, o recurso do Icarahy foi julgado procedente, e a primeira vitória de sua história revogada. O grupo deixou a entidade após a decisão.
Os remadores rubro-negros tiveram que esperar mais um ano até o primeiro triunfo. E veio em dose dupla em outubro de 1899.
Nas águas de Niterói, duas embarcações saíram vitoriosas na Grande Regata Icarahy: a canoa de quatro remos Tymbira e a baleeira de seis remos Ypiranga.
O Flamengo encerraria o século em grande estilo. Nas comemorações dos 400 anos do país, o rubro-negro levantou o primeiro troféu.
Novamente a Tymbira, capitaneada por Álvaro Espínola, venceu a regata do IV Centenário do Descobrimento do Brasil e levou a Jarra Tropon, oferecida pela principal empresa de tônico muscular da época.
Futebol criado em 1911
André Mello
De terra e mar
Consolidado nas águas da Guanabara, o agora Clube de Regatas do Flamengo — denominação mudada em 1902 — se expande para as terras cariocas. Na véspera do Natal de 1911, o presente aos rubro-negros é a criação do Departamento de Esportes Terrestres. Ou seja, a formação do primeiro time de futebol.
Décadas antes de se tornar um substantivo que denota rivalidade, o Fla-Flu, como diz Nelson Rodrigues, nasceu 40 minutos antes do nada. Pode-se dizer também que surgiu da dissidência dos nove jogadores que deixaram o tricolor por divergências com a comissão técnica.
Se tiver que nomear o pai do futebol rubro-negro, ele tem nome e sobrenome: Alberto Borgerth. O jogador do Fluminense — e remador do Flamengo desde a infância — foi o dono da ideia de levar o time quase completo para compor o então somente clube de regatas.
Ao lado de Píndaro Carvalho Rodrigues, Armando de Almeida, o Galo, Emmanuel Nery, Ernesto Amarante, Gustavo de Carvalho, Lawrence Andrews, Orlando Sampaio Mattos e Othon Baena de Figueiredo, ele convenceu os conservadores dirigentes rubro-negros a abrir os braços para o futuro do esporte brasileiro e mundial.
Com informações da fonte
https://extra.globo.com/esporte/flamengo/noticia/2025/11/130-anos-do-flamengo-do-nascimento-da-nacao-rubro-negra-ao-primeiro-time-de-futebol.ghtml
