Zinho, Latrell, Naval e Costelinha: Milicianos vão a júri popular por morte de Jerominho | Rio de Janeiro

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Assassinato de Jerominho aconteceu em Campo Grande, na Zona Oeste - Divulgação




Assassinato de Jerominho aconteceu em Campo Grande, na Zona OesteDivulgação

Rio – A Justiça do Rio decidiu, nesta sexta-feira (22), que quatro milicianos serão levados à júri popular pela morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, assassinado em agosto de 2022, em Campo Grande, Zona Oeste. São eles: Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho; Rodrigo dos Santos, o Latrell; Paulo David Guimarães Ferraz Silva, o Naval; e Yuren Cleiton Felix da Silva, o Costelinha.

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), o mandante da execução teria sido Zinho, após ele descobrir que Jerominho queria voltar a controlar a milícia “Liga da Justiça”. A motivação seria a disputa pela liderança do grupo, que atua na Zona Oeste e em municípios da Baixada.

Segundo decisão da 1ª Vara Criminal da Capital, há provas suficientes para levar os acusados a júri popular. “A qualificadora de motivação torpe, articulada na denúncia, encontra fundamento no acervo probatório dos autos, na medida em que documentos colacionados e os depoimentos das testemunhas em juízo indicam que os crimes foram cometidos em razão de disputas pelo controle das atividades ilícitas exploradas pela milícia privada que domina a região da Zona Oeste desta cidade”, diz o texto.

O quarteto responderá por organização criminosa e duplo homicídio qualificado, pois, no ataque, também foi morto Maurício Raul Atallah, cunhado de Jerominho.

A Justiça ainda manteve as prisões preventivas dos acusados. Apenas Naval segue foragido. Além disso, Zinho teve o pedido negado de deixar o presídio de segurança máxima em Brasília e retornar para o Rio.

Relembre 

Jerominho e Maurício foram baleados em agosto de 2022, na Estrada Guando Sapé, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O ex-vereador morreu logo depois dos disparos. Já seu cunhado ficou um mês internado no Hospital Municipal Rocha Faria antes de falecer.

Na ocasião, imagens capturadas por câmeras de segurança flagraram o momento do ataque. Três homens encapuzados e armados desceram do carro segundos após o Jerominho deixar o veículo em que estava. O grupo fez pelo menos dez disparos e fugiu. A ação durou pouco mais de dez segundos.

Veja o vídeo:

Jerominho era vereador do Rio pelo PMDB quando foi indiciado pela CPI das Milícias, um marco contra o crime organizado. Ele é apontado como um dos fundadores, junto com o seu irmão Natalino, da “Liga da Justiça” e ficou preso por 11 anos em penitenciárias federais, mas foi absolvido e solto em outubro de 2018. Na década de 70, Jerônimo e Natalino atuaram como policiais civis.

Milicianos acusados

Considerado por muitos anos o criminoso mais procurado do Rio, Zinho foi preso na véspera do Natal de 2023. Ele estava foragido desde 2018 e tinha mais de 10 mandados de prisão por diversos crimes. O miliciano se entregou após fazer negociações durante uma operação conjunta da Secretaria de Estado de Segurança e da Superintendência da Polícia Federal do estado.

Zinho assumiu a liderança da milícia que atua em Campo Grande, Santa Cruz e Paciência, na Zona Oeste, em 2021, dois meses depois da morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko, seu irmão e antigo líder do bando.

Antes de se tornar líder, ele integrou a organização ao ficar encarregado da contabilidade do grupo, ficando ligado a atividades de lavagem de dinheiro. Na liderança, o miliciano comandou ações que pararam a Zona Oeste. Em apenas um dia, a cidade do Rio teve 35 veículos queimados. Tudo ocorreu após a morte de seu sobrinho, Matheus da Silva Rezende, o Faustão.

Depois da prisão de Zinho, diferentes criminosos assumiram a posição de líder da milícia. Um deles é Paulo David Guimarães Ferraz Silva, o Naval. O apelido tem relação com seu passado como fuzileiro naval, já que ingressou na Marinha em 2012. Segundo relatos, Naval domina as comunidades do Barbante, Vilar Carioca, Antares e Rola, consideradas estratégicas para a milícia da Zona Oeste.
Rodrigo dos Santos, o Latrell, foi preso em 2022. Ele era apontado como braço direito de Zinho na milícia. O  miliciano ostenta uma tatuagem no peito de um fuzil com a frase “Carrego a glória e a dor de viver do meu jeito”.
Já a prisão de Yuren Cleiton, o Costelinha, aconteceu em setembro de 2024, em um bar de Campo Grande. Ele era um dos homens fortes na hierarquia do grupo. O miliciano ainda é acusado da morte de um policial militar lotado na 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar, crime ocorrido em 2021.





Conteúdo Original

2025-08-22 13:38:00

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