Vídeo: sargento do Bope morto em operação participou de salvamento de colega no Alemão | Rio de Janeiro

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Imagens mostram salvamento a cabo do Bope baleado no Complexo do Alemão - Reprodução




Imagens mostram salvamento a cabo do Bope baleado no Complexo do AlemãoReprodução

Rio – O sargento Cleiton Serafim Gonçalves, de 42 anos, que morreu após ser baleado na megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, Zona Norte, salvou um companheiro de farda ferido momentos antes dele próprio ser atingido por um tiro fatal.

Em um vídeo gravado pela câmera acoplada na farda, Gonçalves, que era lotado no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), aparece participando do salvamento de um agente baleado na coxa esquerda, na área de mata do Alemão.

Durante o socorro, os policiais desceram a comunidade carregando o colega atingido. “O blindado não sobe aqui, vamos ter que descer com ele”, disse um policial. Em meio à tensão, o cabo Oliveira foi carregado por colegas dentro da mata. Ele deu entrada em uma unidade de saúde e passa bem.

No entanto, no mesmo dia, Cleiton morreu em confronto com criminosos ao ser baleado no abdômen. Ele ingressou na PM em 2008 e deixou a mulher e uma filha. O sargento foi velado na sede do Bope, na Zona Sul, e enterrado no Cemitério de Mendes, no Sul Fluminense.

“Nossos policiais são verdadeiros heróis. Eles enfrentaram o perigo com coragem, sob fogo cruzado, para salvar a vida de seus próprios irmãos de farda. Cada policial que estava ali sabia da importância da missão e cumpriu firme a batalha diante do cenário de guerra causado por narcoterroristas . Investimos na proteção dos nossos guerreiros, com viaturas semiblindadas, coletes e armas novas, e continuaremos investindo em estrutura, inteligência e valorização das tropas”, disse o governador Cláudio Castro (PL).

Resgate com mais de uma hora de duração

O sargento Walner Santana, do Batalhão de Ações com Cães (BAC), também foi atingido no Alemão, antes de chegar à região de mata. Vídeos das câmeras corporais mostram o drama vivido pelas equipes durante seu socorro.

Santana foi atingido por três disparos. Outro agente pediu apoio e fez um torniquete para estancar o sangue. Mesmo cercados, os policiais não desistiram. Um grupo maior chegou para reforçar o resgate, utilizando lonas para improvisar uma maca.

Walner foi retirado da área em meio ao tiroteio, recebendo os primeiros socorros ainda no local. O resgate levou uma hora e seis minutos.

A operação ainda terminou com as mortes do PM Heber Carvalho da Fonseca, de 39 anos, também do Bope, e dos policiais civis Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, 51, e Rodrigo Velloso Cabral, 34.

“Nossos combatentes tombaram como heróis, lutando para proteger a vida de seus companheiros e da sociedade. Não podemos naturalizar a presença de armas de guerra nas mãos de criminosos. Uma frase que ficou marcada em nossa tropa nesta operação, dita pelo sargento Heber, uma das vítimas, resume o espírito da ação: ‘Ninguém vai parar a gente.’ É exatamente o que essas imagens mostram. Continuaremos nossas operações em defesa da população com técnica, inteligência, estratégia e sempre dentro da lei”, afirmou o secretário de Estado de Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes.

Cenas de guerra

Vídeos divulgados pelo Governo do Rio neste domingo (2) mostram cenas de guerra vividas nos complexos do Alemão e da Penha no último dia 28. Criminosos usaram armas de uso militar, como os fuzis AK-47, AR-10, FAL, G3 e AR-15, modelos utilizados em zonas de conflito como Síria, Gaza e Iêmen. Dezenas de ruas foram tomadas por barricadas em chamas.

As imagens registram ataques coordenados e emboscadas. Em uma das cenas, policiais civis avançam pela área de mata quando são surpreendidos por uma sequência de disparos. Dois agentes são atingidos. O policial Rodrigo Velloso Cabral, da 39ª DP (Pavuna), resgata os colegas feridos. Depois, em cena não registrada, Velloso dá voz de prisão ao autor dos disparos, mas acaba sendo baleado e morrendo.

Outra gravação mostra o Complexo do Alemão em chamas, com vários focos de incêndio provocados por barricadas. “As imagens falam por si. É um cenário de guerra. Por isso falamos em narcoterrorismo: não é tráfico, é uma estrutura que desafia o Estado e a soberania”,  destaca o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi.

A operação teve 2.500 agentes das polícias Civil e Militar. Foram 121 mortos, sendo 117 criminosos, segundo o Governo do Rio. Além disso, 113 pessoas foram presas, incluindo 33 de outros estados.
Também foram apreendidas 120 armas, sendo 93 fuzis, o maior número em um único dia na história do Rio. O prejuízo ao crime organizado é estimado em R$ 12,8 milhões.

Um levantamento da Coordenadoria de Fiscalização de Armas e Explosivos (CFAE) da Polícia Civil identificou que parte do arsenal tem origem em países como Venezuela, Argentina, Peru, Bélgica, Rússia, Alemanha e Brasil. Há também armas desviadas das Forças Armadas e fuzis montados com peças contrabandeadas e outras compradas pela internet. O material está sob perícia e a Polícia Civil compartilhará dados com o Exército Brasileiro para rastrear a origem dos armamentos.

 





Com informações da fonte
https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2025/11/7156385-video-sargento-do-bope-morto-em-operacao-participou-de-salvamento-de-colega-no-alemao.html

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