O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que a principal suspeita da Polícia Civil para explicar os casos de contaminação por metanol em bebidas alcoólicas é o uso de “etanol de baixa qualidade” na falsificação de destilados, que já teria vindo contaminado com a substância.
O secretário não descarta outra hipótese, aventada na semana passada, de que o metanol teria sido usado na limpeza das garrafas usadas no envase de bebidas adulteradas, mas explicou que a nova linha de apuração é agora a principal suspeita dos investigadores:
— A principal suspeita da Polícia Civil é que, durante o processo de adulteração, o etanol que está sendo utilizado para fazer a adulteração dessas bebidas nessas produções clandestinas seja um etanol de baixa qualidade, que já vem contaminado com o metanol. É isso. Agora, onde ele adquiriu, isso a gente não tem nenhum indício. Por quê? Porque é muito fácil fazer a aquisição de etanol. Ele (o falsificador) pode ir desde um posto de combustível, ou pode comprar pela internet. Essa é a grande questão — falou durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (6).
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se reuniu com secretários e com representantes do setor de bebidas alcoólicas nesta segunda-feira (6) para discutir medidas para lidar com o surto de casos de intoxicação por metanol após ingestão de destilados. O estado tem 192 casos suspeitos, sendo 14 confirmados, e nove mortes (duas confirmadas).
Segundo Derrite, duas bebidas que foram apreendidas ao longo da última semana tiveram confirmação de que estavam contaminadas por metanol, mas a Polícia Civil ainda está fazendo a conexão entre essas bebidas e os 13 boletins de ocorrência registrados sobre o tema.
— Nós tivemos 17 requisições de perícia (para identificação de metanol) de 13 boletins de ocorrência distintos, que foram instaurados em toda a capital. Lembrando que o Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) centralizou todas as inquéritos da capital. E essas requisições foram para a Superintendência da Polícia Técnica e Científica, na sexta-feira, para que fosse submetido o exame pericial. Dessas 17 garrafas, duas confirmaram a presença de metanol — explicou.
O número de casos suspeitos de contaminação por metanol após ingestão de bebidas alcoólicas subiu para 192 no estado de São Paulo. Destes, 14 casos foram confirmados por meio de exames que atestaram a presença da substância nos pacientes. Até o momento, houve duas mortes confirmadas por intoxicação por metanol e outras sete em investigação.
Os dados foram divulgados pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante coletiva na tarde desta segunda-feira (6).
— Há pessoas que procuram nossa rede de saúde, esses casos são notificados, são feitas as coletas e essas coletas vão confirmar ou não. Alguns casos têm sido descartados, outros em investigação. Nós tivemos 15 casos descartados após análise clínica, e a gente está tentando aumentar nossa condição de fazer esses exames e trazer esses resultados o mais rápido possível, e aí tem acertos de logística porque o estado é muito grande e tem casos em várias regiões — disse o governador.
Os casos suspeitos se espalham 26 municípios, a maioria em cidades da Região Metropolitana de São Paulo, mas também houve notificações em cidades do interior.
Já houve casos confirmados fora de São Paulo. Neste domingo (5), o Ministério da Saúde informou que há 16 confirmações, sendo dois deles em Curitiba (PR). Além disso, estão sendo analisados outras 209 notificações suspeitas, que ainda aguardam o resultado de exames, em todo o país. Desses casos, há duas mortes confirmadas, ambas em São Paulo, e 13 em investigação (7 em SP, 3 em PE, 1 no MS, 1 em PB e 1 no CE).
As informações são enviadas pelos estados e consolidados pelo Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (CIEVS). Como o resultado do exame que detecta o metanol no corpo pode demorar alguns dias para sair, o poder público tem informado tanto os casos suspeitos como os já confirmados.