‘Único que passa na barricada’: Líder do tráfico da Vila Kennedy ordenou criação de aplicativo | Rio de Janeiro

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Operação contra esquema de transporte clandestino registrou cinco presos - Érica Martin / Agência O Dia




Operação contra esquema de transporte clandestino registrou cinco presosÉrica Martin / Agência O Dia

Rio – “Único aplicativo de carro e moto que passa na barricada e te deixa na porta de casa.” Essa era a promessa do Rotax Mobili, criado por traficantes da Vila Kennedy, na Zona Oeste, região dominada pelo Comando Vermelho. O esquema de transporte clandestino, que rendia cerca de R$ 1 milhão por mês ao tráfico, foi alvo de uma operação da Polícia Civil nesta sexta-feira (8).

A investigação da 34ª DP (Bangu) revelou que mototaxistas eram coagidos a instalar e utilizar o aplicativo, que funcionava como uma plataforma de mobilidade urbana com aparência legal, mas usado para financiar um esquema de tráfico de drogas.

O delegado Alexandre Cardoso, responsável pelas investigações, disse que a ordem para o desenvolvimento do aplicativo veio de Jorge Alexandre Cândido Maria, o Sombra, liderança do tráfico da Vila Kennedy e braço direito de Fernandinho Beira-Mar. Os mototaxistas eram obrigados a repassar ao CV de 20% a 30% do valor da corrida, além de pagar uma taxa mensal.

“A partir de coações e ameaças difundidas em grupos de WhatsApp, esses mototaxistas eram obrigados a instalar esse aplicativo e, no momento que a corrida era aceita, parte do valor era repassado diretamente para esse grupo criminoso. O grupo que trabalha com transporte alternativo na Vila Kennedy só poderia se valer desse aplicativo para captar usuários, mas não necessariamente o funcionamento ocorreria só nessa localidade. Contudo, para entrar lá só as pessoas que estavam cadastradas no aplicativo”, explicou.

Veja o anúncio do aplicativo:

Segundo o delegado, a arrecadação do dinheiro acontecia por meio de empresas de fachada. A facção ainda tinha o objetivo de implementar o aplicativo em outras regiões da cidade, como na Rocinha, na Zona Sul.

“O aplicativo tinha uma estrutura financeira vinculada com empresas fantasmas. Uma delas é um mercado em São Gonçalo. A partir dessas informações, nós conseguimos identificar os proprietários e sócios dessas empresas. Boa parte das denúncias que recebemos foi de moradores e mototaxistas, que chegaram a ser agredidos, ameaçados e coagidos. Não era só uma questão financeira, mas um controle da mobilidade urbana, de quem podia entrar e sair da localidade, e para onde iriam”, completou Cardoso.

Outros aplicativos de transporte eram proibidos de atuar na região. O Rotax Mobili funcionou por cerca de três meses e teve o serviço interrompido há um mês, quando os policiais enviaram ofícios às plataformas digitais solicitando a exclusão.

Cinco pessoas foram presas na Operação Rota das Sombras. Os agentes tinham como objetivo cumprir sete mandados de prisão temporária e 12 de busca e apreensão em estabelecimentos comerciais de fachada e casas localizadas na Zona Oeste, em Niterói, na Região Metropolitana, e no interior do estado.

Desenvolvedores do aplicativo também foram alvo da ação. Um dos endereços ligados ao criadores é um escritório na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. 

*Colaboração de Érica Martin





Conteúdo Original

2025-08-08 12:49:00

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