Trump comuta sentença de ex-deputado George Santos, condenado por fraude e roubo de identidade

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George Santos chega para a reunião semanal da conferência republicana da Câmara dos Deputados no Capitólio dos EUA — Foto: CHIP SOMODEVILLA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP


O presidente dos EUA, Donald Trump, comutou a sentença do ex-deputado George Santos, condenado a sete anos de prisão por fraude eletrônica e roubo de identidade qualificado, uma pena que ele havia começado a cumprir em julho. Segundo Trump, Santos “era um pouco desonesto”, mas existem, segundo ele, “muitos desonestos no país” que não foram mandados à prisão.

“George está em confinamento solitário há longos períodos e, segundo todos os relatos, tem sido terrivelmente maltratado. Por isso, acabei de assinar uma Comutação, libertando George Santos da prisão, IMEDIATAMENTE. Boa sorte, George”, escreveu Trump em sua rede social, o Truth Social.

Segundo Trump, George Santos “era um tanto ‘desonesto’, mas há muitos desonestos em todo o país que não são obrigados a cumprir sete anos de prisão”, citando o senador democrata Richard Blumenthal, que, de acordo com o presidente, mentiu sobre sua participação na guerra do Vietnã. A controvérsia é antiga, e envolve declarações do senador feitas no passado, nas quais sugeria que havia lutado no conflito — em 2010, ele reconheceu que serviu na reserva da Marinha durante a guerra, mas não foi enviado às linhas de frente no Sudeste Asiático. Na semana passada, Trump, que não serviu nas Forças Armadas, pediu que o caso seja investigado.

“Isso é muito pior do que o que George Santos fez, e pelo menos Santos teve a coragem, a convicção e a inteligência para SEMPRE VOTAR NOS REPUBLICANOS!”, afirmou.

Filho de pais brasileiros (e com problemas legais já resolvidos no Brasil), George Santos se tornou conhecido ao se apresentar como a “nova face” do Partido Republicano, surpreendendo em primárias no estado de Nova York e chegando à Câmara dos Deputados. Em entrevistas, se apresentava como um fiel apoiador de Donald Trump, em um estado há décadas dominado pelos democratas.

Contudo, não tardou até que sua imagem de republican perfeito começasse a desmoronar: pouco depois de ser eleito, uma investigação revelou que toda sua trajetória política foi lbaseada em mentiras sobre sua educação, religião, experiência profissional, bens e salários. Ele chegou a falsificar sua história familiar, afirmando ser descendente de judeus sobreviventes do Holocausto que fugiram da barbárie nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Ainda mais grave, a investigação da promotoria de Nova York revelou que ele enganou doadores de sua campanha ao transferir dinheiro para sua própria conta e usá-lo para pagar dívidas pessoais, comprar roupas de grife ou fazer pagamentos com os cartões de crédito de seus próprios apoiadores sem autorização. Ele também foi acusado de receber benefícios de desemprego aos quais não tinha direito durante a pandemia da Covid-19 antes de sua eleição.

A escala das mentiras e fraudes foi tamanha que a iniciativa para cassar seu mandato foi liderada pelos próprios colegas de partido: a comissão de ética da Câmara o acusou de ter “desacreditado gravemente” o órgão legislativo, e mais de dois terços de seus colegas votaram pela cassação. Até hoje, Santos foi o sexto deputado a perder o mandato na Casa.

Em abril, um tribunal de Nova York o condenou a sete anos de prisão pelos crimes de fraude eletrônica e roubo de identidade qualificado, dos quais Santos se declarou culpado. Em julho, ele se apresentou para começar a cumprir a pena, e até agora demonstrava pouca esperança de que Trump intercedesse por ele, como o fez nesta sexta-feira.

Mas até agora, o presidente não demonstrou nenhuma simpatia por Santos. Na verdade, foi o Departamento de Justiça sob sua administração que pediu a sentença de 87 meses e, na quarta-feira, Santos afirmou que não pediria a Trump que intercedesse por ele.

— O presidente sabe da minha situação. Não é como se fosse um segredo. Se o presidente achar que eu mereço algum nível de clemência que está ao seu alcance, ele pode concedê-la, mas pedir um perdão seria negar responsabilidade e prestação de contas — disse ele em entrevista no começo do ano.



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/10/17/trump-comuta-sentenca-de-ex-deputado-george-santos-condenado-por-fraude-e-roubo-de-identidade.ghtml

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