O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira que concederá indulto ao ex-presidente de Honduras Juan Orlando Hernández, condenado em 2024 a 45 anos de prisão nos Estados Unidos por tráfico de drogas. O anúncio ocorre poucos dias antes da eleição presidencial marcada para domingo no país da América Central.
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“Concederei indulto total e absoluto ao ex-presidente Juan Orlando Hernández que, segundo muitas pessoas que respeito muito, foi tratado com muita severidade e injustiça”, escreveu o presidente americano em sua rede social Truth Social.
O republicano, que não hesitou em interferir nos assuntos políticos de outros países, pediu nesta semana que os eleitores hondurenhos apoiem o candidato de direita Nasry “Tito” Asfura, do partido de Hernández, à presidência no pleito do próximo domingo.
“Se Tito Asfura vencer a eleição para Presidente de Honduras, os Estados Unidos depositam grande confiança nele, em suas políticas e no que ele fará pelo grande povo hondurenho, e, portanto, o apoiarão integralmente”, declarou Trump. “Caso contrário, os Estados Unidos não desperdiçarão recursos, pois um líder inadequado só pode trazer resultados catastróficos para qualquer país”.
Asfura, um empresário da construção civil de 67 anos e ex-prefeito da capital hondurenha, disputa uma corrida acirrada contra a advogada Rixi Moncada, do governista Partido Libre (esquerda), e o apresentador de televisão Salvador Nasralla, do direitista Partido Liberal. Horas após o anúncio de Trump, Asfura afirmou à AFP que não tem “nenhuma ligação” com o ex-presidente Hernández
— Não tenho nenhuma ligação [com Hernández]. Ele foi presidente da República e o partido não se responsabiliza por atos pessoais — disse o candidato por telefone, acrescentando que ficou satisfeito com o apoio de Trump.
Hernández, presidente de Honduras entre 2014 e 2022, foi extraditado para os Estados Unidos poucas semanas depois de deixar o cargo. Em março de 2024, um júri de Nova York o declarou culpado de facilitar a entrada nos Estados Unidos de centenas de toneladas de cocaína – principalmente da Colômbia e da Venezuela – por meio de Honduras. Segundo a justiça americana, essas ações tiveram início em 2004, muito antes de Hernández chegar à presidência.
O procurador-geral do ex-presidente Joe Biden, Merrick Garland, afirmou após a sentença de Hernández, no ano passado, que o dirigente havia “abusado de seu poder para apoiar uma das maiores e mais violentas conspirações de narcotráfico do mundo”.

