Enquanto o governo Lula mantém o veto à inclusão do Ozempic no Sistema Único de Saúde (SUS), alegando falta de verba, o mercado paralelo de medicamentos para emagrecimento dispara em ritmo alarmante. A prisão de um homem nesta quinta-feira (28), no Aeroporto Internacional de Salvador, escancara a dimensão do problema: ele carregava 20 canetas ilegais de Mounjaro, um medicamento à base de tirzepatida, usado para controle de peso e diabetes tipo 2.
João Alberto dos Santos Ferreira Junior, é estudante de medicina e, segundo a polícia, foi flagrado com os medicamentos escondidos em frascos de perfume, após desembarcar de Foz do Iguaçu (PR). A prisão ocorre dias após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vetar o Ozempic na lista de medicamentos oferecidos pelo SUS e proibir a manipulação de versões biotecnológicas de medicamentos como Wegovy e Mounjaro, a fim de conter os riscos sanitários associados à produção irregular desses insumos, que exigem tecnologia avançada e controle rigoroso de qualidade.
No entanto, a proibição abriu espaço para o crescimento do mercado ilegal, com versões manipuladas circulando em clínicas e farmácias sem qualquer garantia de eficácia ou segurança.
Ozempic fora do SUS, Mounjaro fora da lei
Em diversas regiões, autoridades têm registrado apreensões cada vez mais sofisticadas, revelando uma rede de tráfico farmacêutico que se aproveita da lacuna deixada pelo sistema público. Em São Miguel do Iguaçu (PR), a Receita Federal apreendeu R$ 150 mil em medicamentos escondidos em um fundo falso de carro. No Aeroporto de Brasília, um passageiro foi flagrado com 194 canetas na mala — destino: Recife, valor estimado: R$ 500 mil.
No Espírito Santo, 91 encomendas postais com Mounjaro foram interceptadas, escondidas em copos térmicos. Em Alagoas, um laboratório clandestino fabricava canetas falsificadas e movimentava cerca de R$ 1 milhão por ano. Já em Foz do Iguaçu, um homem foi preso com 126 unidades trazidas da Europa via Paraguai, com destino a Natal e Belém, onde cada caneta seria vendida por até R$ 3 mil.
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Riscos à saúde e à segurança pública
Especialistas alertam para os perigos do uso indiscriminado de medicamentos como Mounjaro e Ozempic, especialmente em versões manipuladas. Há relatos de efeitos adversos graves, como pancreatite, hipoglicemias e complicações digestivas.
A prisão em Salvador não é um caso isolado. Em diversas regiões do país, autoridades têm identificado redes de contrabando e clínicas que aplicam medicamentos sem registro ou controle. A Anvisa promete intensificar a fiscalização, mas o avanço do tráfico mostra que a demanda por emagrecimento rápido continua alimentando um mercado paralelo cada vez mais sofisticado — e perigoso.
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2025-09-01 07:00:00