Em uma tentativa de manipular a opinião pública sobre a megaoperação policial que resultou na morte de mais de 100 criminosos no Complexo da Penha e no Alemão, traficantes teriam ordenado a exposição de dezenas de corpos em praça pública, numa estratégia para sustentar a narrativa de uma chacina.
Segundo policiais ouvidos pela reportagem, a cena dos corpos nus causou estranhamento. Para eles, os cadáveres foram propositalmente despidos e desarmados para ocultar sinais de confronto — como as roupas camufladas e o arsenal que os mortos portavam — o que indicaria participação direta nos embates contra as forças de segurança.
Ocultação de confronto e tentativa de manipulação
De acordo com o secretário da PM, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, os 64 corpos levados por moradores à Praça São Lucas não constam na contabilidade oficial da operação, que registrava até terça-feira (28) 60 criminosos mortos e 4 policiais civis e militares. Policiais afirmam que os cadáveres foram retirados da área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia — epicentro dos confrontos — e levados à praça como forma de pressionar autoridades e reforçar a narrativa de execução sumária.
Os corpos estavam sem roupas e sem armas. A ausência de vestimentas, segundo moradores, teria como objetivo facilitar o reconhecimento por familiares, expondo tatuagens e marcas corporais. No entanto, para policiais não passaria de uma estratégia para evitar que se configure confronto armado. Eles apontam que os mortos estariam usando roupas camufladas, típicas de combate, e fortemente armados, o que reforçaria a tese de que houve resistência e troca de tiros.
Perícia e investigação
A Polícia Civil informou que haverá perícia para confirmar se os corpos expostos têm relação com a operação. O atendimento às famílias para reconhecimento oficial ocorrerá no prédio do Detran, ao lado do Instituto Médico-Legal (IML) do Centro do Rio. Durante esse período, o acesso ao IML será restrito à Polícia Civil e ao Ministério Público. Necropsias sem relação com a operação serão realizadas no IML de Niterói.
A maior operação da história do RJ
Batizada de Operação Contenção, a ação mobilizou 2.500 agentes e é considerada a maior da história do estado. O objetivo era conter a expansão territorial do Comando Vermelho, que vinha se fortalecendo na região.
