Em um episódio considerado inédito pelas autoridades, traficantes do Complexo de Israel desmontaram, por conta própria, as barricadas que bloqueavam acessos às comunidades antes da chegada das forças de segurança. A ação teria sido motivada pelo temor de confronto direto diante do avanço da Operação Barricada Zero — estratégia do governo estadual voltada para o desmonte sistemático de bloqueios erguidos pelo crime organizado.
Fontes da BandNews FM confirmaram que a polícia já tinha conhecimento da retirada desde segunda-feira (24). Imagens de drones do setor de inteligência mostraram as vias completamente livres, sem os obstáculos que historicamente dificultavam a entrada dos agentes e a circulação de moradores. Para autoridades, o gesto demonstra que os criminosos tentam evitar atrair a corporação para a remoção forçada dos bloqueios.
Polícia mantém ofensiva
Mesmo com a retirada em algumas áreas, a Polícia Militar afirma que não haverá recuo. As operações continuam em ritmo intenso e, nesta quinta (27), equipes também atuaram na Cidade Alta, em Cordovil. A reação dos traficantes provocou confrontos e levou ao fechamento temporário da Avenida Brasil, nos dois sentidos.
Moradores relataram fortes tiroteios na Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau. Integrantes do Terceiro Comando Puro incendiaram pneus em resposta à presença policial, formando uma densa coluna de fumaça preta.
Operação Barricada Zero
Lançada oficialmente em 24 de novembro de 2025, a Operação Barricada Zero reúne Polícia Militar, Polícia Civil, órgãos estaduais e prefeituras. O foco é eliminar diariamente as estruturas erguidas por facções criminosas que impedem o direito de ir e vir e dificultam serviços essenciais.
Nos primeiros dias, a ação registrou:
- Mais de 593 toneladas de barricadas removidas na capital e na Baixada Fluminense;
- Sete prisões efetuadas logo no início das operações;
- Cinco municípios já atingidos pelas ações: Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Queimados e São Gonçalo.
Apesar de tentativas de sabotagem — como ônibus atravessados em vias e disparos contra máquinas da prefeitura — o governo afirma que as operações serão contínuas até o fim do mandato.
Apoio popular e impacto psicológico
O governador Cláudio Castro reforçou que a iniciativa conta com forte apoio popular, já que muitos moradores veem a remoção das barreiras como símbolo da retomada da mobilidade e da presença efetiva do Estado. O recuo observado no Complexo de Israel é interpretado como um efeito psicológico da ofensiva: diante da força policial mobilizada, criminosos preferem evitar confrontos diretos.
Primeiros sinais de enfraquecimento do crime
A retirada espontânea das barricadas no Complexo de Israel é vista pelo governo como um marco. Para autoridades, o episódio evidencia que a estratégia de endurecimento já começa a surtir efeitos concretos, com traficantes antecipando-se às operações e desmontando seus próprios bloqueios.
Para a gestão estadual, trata-se de um passo importante na retomada de áreas historicamente dominadas pelo tráfico e na garantia de mais segurança e mobilidade para os moradores.


