Nas ruas, em shoppings, na praia… Seja onde for, quase sempre há alguém com a camisa ou um acessório do clube do coração. A “Pesquisa O GLOBO/ Ipsos-Ipec – As maiores e mais fanáticas torcidas do Brasil” mapeou a paixão do torcedor e como ele é engajado com seu clube. E revela que são os flamenguistas os que mais exibem suas cores com orgulho nas vestimentas.
A pesquisa pediu aos torcedores que avaliassem, com notas de 0 a 10, o seu nível de fanatismo pelo clube do coração. E ainda perguntou a eles a frequência com que assistem a jogos (no estádio ou por transmissão), deixam de fazer algo importante para ver partidas, usam roupas ou acessórios temáticos, consomem notícias sobre o time e se abalam com derrotas. Foram consideradas apenas as torcidas de Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Vasco, as únicas que atingiram uma base amostral mínima de entrevistados para analisar os dados com margem segura de erro.
Os flamenguistas se destacaram com a maior média de fanatismo (6,6). Um índice sustentado pelo percentual expressivo de rubro-negros que escolheram as notas mais altas (9 e 10). No dia a dia, são também eles os que mais usam produtos ligados ao clube e consomem notícias sobre o time.
Na pergunta sobre a frequência com que usam roupas ou acessórios temáticos, 27,9% dos rubro-negros responderam “sempre” ou “frequentemente”. Percentual bem maior que o dos corintianos, em segundo, com 23,3%. Os vascaínos completam o pódio, com 21,7%.
Já em relação a consumir notícias sobre o time, quase a metade dos flamenguistas respondeu “sempre” ou “frequentemente”: 49,6%. No Corinthians o percentual é um pouco menor: 48,2%. O São Paulo vem em seguida, com 45,7%.
A boa fase vivida pelo Flamengo, que disputa os principais títulos por anos seguidos desde 2019, ajuda a entender essa euforia. Mas para João Ricardo Cozac, presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte, a explicação vai além:
— As torcidas organizam emoções coletivas. Elas são expressões vivas de identidade, pertencimento e história. Quando um estudo revela que o flamenguista é o torcedor mais fanático, engajado e emocionalmente presente, estamos diante de um fenômeno que vai além da atual boa fase do clube: falamos de autoimagem coletiva fortalecida — explica o psicólogo do esporte, que continua:
— A sequência de títulos recentes, aliada à enorme visibilidade midiática, retroalimenta a paixão. O torcedor não apenas ama: ele se vê refletido no sucesso, veste a camisa como símbolo de orgulho e projeta no clube uma extensão de si mesmo. Isso gera uma euforia duradoura, que se sustenta pela vitória e pela força de identificação social. É um ciclo de validação emocional que amplia o fanatismo.