Tarifaço de Trump: 'Amigos americanos' tentam criar 'imagem de demônio' com quem querem brigar, diz Lula

Tempo de leitura: 5 min




O presidente Lula disse que os Estados Unidos tentam fazer uma “imagem de demônio” sobre pessoas com quem o país quer “brigar”, numa referência aos argumentos citados por Donald Trump para tarifar produtos brasileiros em 50%. A declaração foi dada nesta quarta-feira (dia 13) durante o anúncio do pacote de ajuda a empresas brasileiras impactadas pelo tarifaço.
— Nossos amigos americanos toda vez que querem brigar com alguém tentam criar a imagem de demônio com quem eles querem brigar. O Brasil não tinha qualquer razão para ser taxado. Nós respeitamos os direitos humanos — afirmou o presidente: — Estamos em um debate que não é econômico, é político e com um teor ideológico.
A fala foi feita durante anúncio de medida provisória para conter os feitos do tarifaço.
Auxílio aos exportadores
O pacote estabelece uma série de instrumentos para auxiliar os exportadores afetados, de linhas de crédito subsidiado a compras governamentais, que poderão ser utilizados conforme as diretrizes da medida provisória (MP) enviada ao Congresso Nacional.
— O que está sendo jogado fora é uma relação de 201 anos de História. Relevamos até o golpe de 1964, porque somos da paz — afirmou.
As medidas são anunciadas em evento no Palácio do Planalto, com a presença de Lula, ministros e empresários. Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AL), também participam.
— A bola está com vocês (Congresso). Quanto mais rápido vocês votarem, mais rápido os empresários serão beneficiados — cobrou Lula.
Judiciário independente
O presidente voltou a dizer que o Judiciário brasileiro é independente, em referência às críticas de Trump ao processo sobre Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal.
— Essa mesma gente que está sendo julgada, que tentou dar um golpe, que colocou caminhão bomba perto do aeroporto, que ocupou a frente dos quartéis não está sendo julgada por corrupção. Estão sendo julgados com base nas delações de pessoas que participaram da tentativa de golpe — disse.
Lula disse que o governo vai continuar “teimando em negociação” e que não quer conflito
— Mas nossa soberania é intocável — disse.
O presidente disse que é preciso procurar outros parceiros comerciais. Ele falou com os líderes da Índia, Narendra Modi, e da China, Xi Juiping, sobre o tema.
— Temos muito o que aprender com a Índia. Ao invés de ficar chorando com o que nós perdemos, vamos procurar em outro lugar, o mundo é grande. Todo mundo sabe que nós somos do bem. A gente não merecia isso.
Para ele, se algum não quiser comprar, é possível vender para outro.
— Se outro não quiser comprar, vamos vender para o mercado interno — disse. — Não tenho nenhum problema de andar com caixa de manga, de abacaxi.
Lula disse que está disposto a negociar temas como etanol.
— Meu time não tem medo de briga. Se for preciso brigar, vamos brigar. Mas antes queremos negociar.
A sobretaxa de 50% está em vigor desde 6 de agosto e atinge cerca de 55% da pauta exportadora brasileira para o país liderado por Donald Trump, como os setores de café, carnes, têxteis, açúcar e pescados. Ficaram de fora os embarques de suco de laranja, da indústria de aviões e de petróleo, por exemplo.
Linha de crédito e empregos
A principal medida de socorro é uma linha de crédito de até R$ 30 bilhões para empresas que comprovarem perdas com a taxação americana, sobretudo pequenos e médios negócios. Os juros serão subsidiados.
Em troca, os beneficiados terão de se comprometer a preservar empregos, mas haverá exceções para as empresas mais prejudicadas, com a exigência de outras contrapartidas. A estimativa do governo é que cerca de dez mil empregos serão afetados pelo tarifaço.
Como adiantou o ministro da Fazenda, a MP ainda inclui mudanças estruturais no Fundo de Garantia à Exportação (FGE) para aprimorar os instrumentos de acesso ao comércio exterior pelas empresas brasileiras, sobretudo as pequenas e médias. Segundo Haddad, a mudança tende a auxiliar os setores que precisarão buscar alternativas ao mercado americano.



Conteúdo Original

Compartilhe este artigo
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *