O pai ocupa um papel fundamental na vida dos filhos, da infância à fase adulta, transmitindo valores, conhecimento e sendo, muitas vezes, um exemplo de conduta e inspiração. Por isso, o Dia dos Pais é mais do que uma data comemorativa: é um momento de reencontro entre gerações, repleto de lembranças de infância, conselhos na adolescência e decisões importantes na vida adulta como a escolha da profissão.
Optar por uma carreira nem sempre é fácil. Mas quando há incentivo e apoio dentro da família, o processo pode se tornar mais leve e natural. Seguir a mesma profissão do pai vai além de uma simples escolha profissional: é perpetuar ideais, valores e princípios que foram construídos ao longo da vida. É, em muitos casos, transformar o trabalho em um elo ainda mais forte entre pai e filho.
Profissão de gerações
A família Mourão é um exemplo marcante de como a profissão pode se tornar uma tradição familiar. O advogado Paulo César Rigueira Mourão, de 61 anos, atua há 36 anos no Direito, profissão que começou a exercer ainda jovem, ao lado dos tios. Anos depois, sua filha, Shayna Ribeiro Mourão, hoje com 36 anos, também trilhou esse caminho, iniciando no mundo jurídico aos 17 anos, como auxiliar do pai, e, após formada, permanecendo ao lado dele na advocacia.
Ao lado dos pais, Paulo César e Ana Maria Mourão, Shayna construiu não só uma carreira sólida na advocacia, mas também uma trajetória marcada por amor, apoio e valores familiares
“Meu pai perdeu o pai muito novo, com apenas 11 anos de idade. Os irmãos dele eram advogados, mas meu avô não chegou a exercer essa profissão. Posso dizer que, de certa forma, nossa família sempre teve ao menos um advogado em cada geração, já virou quase uma tradição. Ainda assim, o que me motivou de verdade foi a vocação. Eu senti que esse era o meu caminho.Ele é uma inspiração como pai, amigo e ser humano. Sempre muito dedicado e amoroso em tudo o que faz. Se eu pudesse definir meu pai em uma palavra, seria: cuidado, no sentido mais afetuoso possível. Ele sempre nos motivou e está constantemente estendendo a mão para ajudar, tanto a mim quanto à minha irmã, em qualquer situação. É também um avô extraordinário, faz de tudo pelos netos com o mesmo amor e dedicação. Meu pai é o alicerce da nossa família e isso se estende também aos irmãos dele, aos amigos e à minha avó, mãe dele. Ele é, sem dúvida, uma pessoa admirável”, contou a advogada previdenciária Shayna Mourão.

Shayna Mourão e Paulo César dividem a mesma paixão pelo Direito há quase duas décadas
Com quase duas décadas de parceria profissional, pai e filha compartilham a rotina da advocacia há 19 anos. Paulo César sempre incentivou a filha, mas deixou claro que a decisão era inteiramente dela.
“No início, tudo começou com uma oportunidade de trabalho. Ela passou a atuar como minha auxiliar, ainda muito jovem. Aos poucos, foi se encantando com a profissão e, diante disso, decidiu seguir carreira. Sempre dei apoio, mas deixei claro que a escolha era unicamente dela. Tanto é que minha outra filha optou por seguir uma profissão diferente, e isso sempre foi respeitado. O mais importante, para mim, sempre foi vê-las realizadas”, afirmou o advogado.
Ver a filha seguir os próprios passos trouxe a Paulo César a certeza de dever cumprido.
“Significa tudo. Sinto um imenso orgulho ao ver o caminho que ela escolheu e a profissional competente e dedicada que se tornou.”
Ensinamentos entre pais e filhos
Em outros casos, os filhos nem sempre consideram, de imediato, seguir a profissão do pai. Mas, com o tempo e o contato diário com o trabalho da família, descobrem afinidade com aquela atividade, e se encantam.
É o caso da corretora de seguros Camilla Nogueira Batista de Souza, de 36 anos, filha de João Luiz Reis de Souza, que atua no mercado segurador há quase quatro décadas.
“Meu pai está no mercado segurador a quase 40 anos, então desde de muito pequena escuto os termos de seguros em casa e o relacionamento que ele tem com os clientes. Quando completei uma certa idade, meu pai veio conversar comigo sobre, pois tinha a preocupação primeiro de qual carreira eu seguiria e depois quem seguiria a carteira se ele ficasse doente ou quando chegasse a hora de se aposentar. Então perguntou se gostaria de seguir a mesma carreira. No primeiro momento achei que não ia me encaixar, mas como já vivia tudo aquilo em casa, achei que seria válido tentar”, contou a corretora de seguros Camilla Nogueira Batista de Souza, de 36 anos.

Camilla e João Luiz uniram experiência e inovação para tocar juntos a corretora da família, símbolo de parceria e confiança entre pai e filha
Hoje, pai e filha são sócios da Reis Nogueira Corretora de Seguros, uma junção dos nomes da família e do negócio, simbolizando o trabalho feito em conjunto. Camilla, além de atuar no ramo, também é apoio constante do pai nas mudanças tecnológicas e desafios do mercado atual.
“Ele veio de uma época em que tudo era manual, protocolado diretamente com a seguradora. Quando tudo passou a ser digital, naturalmente teve dificuldades. Ajudo muito ele nisso desde o começo! Hoje somos sócios e, no dia a dia, ele é muito tranquilo, amigo, me escuta, me ajuda, pede ajuda quando tem dúvidas”, relatou a corretora, que atua há 10 anos.
Já João Luiz não esconde a emoção de ver a filha assumindo com responsabilidade e competência a continuidade do seu trabalho.
“Minha filha foi criada em um ambiente em que eu e a mãe trabalhávamos com seguros, e isso pode ter inspirado a escolha da profissão. Para mim, é motivo de orgulho vê-la se espelhando em mim. Foi por isso que montamos a corretora em sociedade. Pensando na aposentadoria ou em algum problema de saúde, sei que ela assumiria a corretora com segurança. É muito bom trabalhar com minha filha. Me sinto mais tranquilo, pois sei que, quando for a hora de passar o controle total, ela vai dar conta com certeza! Ela é muito inteligente e capaz, e sei que Deus está no controle de tudo.”

Na Reis Nogueira Corretora de Seguros, Camilla e João Luiz mostram que confiança e parceria são o maior patrimônio de uma empresa familiar
Compartilhar a mesma profissão do pai garante que o “professor” da vida seja também o guia na carreira, alguém que ensina com carinho e dedicação, sem pedir nada em troca além de um sorriso afetuoso.
Na família Souza, a escolha profissional de Camilla foi apoiada integralmente pelos pais, que a incentivaram e encorajaram para que tivesse um futuro seguro, especialmente diante de eventuais situações de doença ou aposentadoria do pai.
“Quando ela falou que iria tirar o registro na SUSEP, teve total apoio meu e da mãe! E, quando ingressou no ramo, toda vez que tinha dúvidas, eu a orientava. Agora sou eu quem pede ajuda para tirar dúvidas sobre alguma atualização de produtos”, contou.
O legado que vai além do trabalho

Shayna seguiu os passos do pai na advocacia e, no altar, teve ao seu lado não só um grande profissional, mas seu maior exemplo de vida
Ver os filhos seguirem os mesmos caminhos profissionais é, para muitos pais, uma das maiores recompensas da paternidade. Mais do que a continuidade de um legado, representa a confirmação de que os valores transmitidos ao longo da vida foram assimilados e colocados em prática.
O pai, que no passado foi referência na infância e conselheiro na juventude, transforma-se em parceiro de trabalho na vida adulta. A relação evolui, e a troca de experiências entre gerações se torna natural: enquanto o pai compartilha a vivência e a base da profissão, os filhos contribuem com inovação e uma nova visão de mundo.
No fim, a trajetória compartilhada traduz o velho ditado: tal pai, tal filho.

Com carinho, exemplo e apoio, pais ajudam a moldar os caminhos profissionais dos filhos, transformando histórias pessoais em trajetórias profissionais
Sob supervisão de Marcela Freitas
2025-08-10 05:00:00