Que as boas condições de saneamento básico valorizam o empreendimento imobiliário, todo mundo sabe. O desafio, agora, é fazer com que reduzam o custo da construção. A Águas do Rio está fazendo um estudo-piloto, em parceria com a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), para diminuir a necessidade de reserva de água nas moradias. Isso, de acordo com o diretor de Relações Institucionais da empresa, Sinval Araújo de Andrade Filho, pode baratear os novos empreendimentos.
”Na Habitação de Interesse Social, qualquer centavo faz diferença. Você constrói mais barato, vende mais barato”, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-Rio), Claudio Hermolin, que mediou a mesa-redonda “Saneamento como estratégia de desenvolvimento urbano e do mercado imobiliário”, nesta sexta-feira (26/9), último dia do Rio Construção Summit.
Metade das pessoas no país não tem esgoto coletado e tratado. No Rio, esse percentual segue a média nacional, segundo Sinval, que garantiu que a empresa vai concluir obras na Ilha do Governador.
”E atacar a Maré, essa comunidade é uma obsessão pra gente. Existe um abismo social e econômico entre as áreas da nossa concessão”, disse ele.
Financiamento para o setor
Convencido de que a habitação pode impulsionar o saneamento básico, o coordenador setorial de Saneamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe, Carlos Orellana Arevalo, contou que a instituição quer aumentar as parcerias com o setor privado e o financiamento para a construção de moradias. Segundo ele, inclusão social é um fator importante para o banco disponibilizar crédito.
”Trabalhamos com governos e setor privado, do México à Argentina. Estamos convencidos de que o saneamento é muito importante para reduzir desigualdades, ele dignifica a habitação e a vida das pessoas”, disse. ”Além disso, quando um prédio tem acesso a saneamento, o imóvel se valoriza e o aluguel cresce”, acrescentou.
Gestor do Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário, que está construindo um empreendimento com duas mil unidades na Barra da Tijuca, Pedro Bulhões Carvalho da Fonseca lançou a questão:
“Imagina quando a Lagoa de Jacarepaguá estiver dragada e limpa. O que isso vai criar de valor imobiliário?”, perguntou.
Investimentos de peso
Outro grande empreendimento do fundo é o Aretê, em Búzios.
“Quando entramos nesse desafio, há nove anos, nosso primeiro passo foi fazer todos os projetos de infraestrutura e saneamento. Já construímos 30 quilometros de rede de esgoto e vamos construir mais 20. Também fizemos um upgrade no sistema do município e, hoje, Búzios tem a estação de tratamento mais moderna de todo o Estado do Rio”, afirmou Carvalho da Fonseca.
Já no município do Rio, a Águas do Rio retira 114 milhões de litros de esgoto por dia, que antes iam para a Baía de Guanabara. Para ilustrar o impacto do saneamento básico no mercado imobiliário, Sinval citou a balneabilidade da Praia da Glória, bairro que tem sido objeto de vários investimentos.
”No Glória, no empreendimento do Opportunity que vai ocupar o lugar do icônico hotel, vão residir 260 famílias que terão em frente ao residencial uma passarela levando à Praia da Glória. Muita gente pratica exercício no mar e, hoje, a gente pode vender isso”, observou Sinval. ”A infraestrutura de água e esgoto faz parte da cadeia da indústria da construção”, completou.
Marco Legal
O diretor da Águas do Rio lembrou também que o saneamento não consegue responder com a mesma velocidade que ocupações desordenadas. Mas, a partir do Marco Legal do Saneamento, todo cidadão que tem rede de esgoto na porta deve pagar a taxa pelo serviço, ainda que não se conecte à rede.
“É uma medida educativa, e que garante o tratamento adequado desse esgoto”, disse o executivo da Águas do Rio. A empresa atende a 10 milhões de pessoas em 27 municípios do Estado do Rio. Tem a meta de universalizar os serviços até 2033 e previsão de investir R$ 40 bilhões.
