Em Pilares, na Zona Norte do Rio, os roubos em transportes públicos mais que dobraram de 2023 para 2024, passando de 12 para 30 no último ano. Os dados fazem parte do Mapa do Crime, levantamento exclusivo do GLOBO com base em registros do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ). A análise traça um raio-x da violência nos bairros cariocas, a partir dos quatro tipos de roubo mais comuns: a transeunte, de celular, em transportes públicos e de veículos.
Em relação aos roubos de veículos, os dados também cresceram no bairro, que tem 23.518 moradores, conforme o último Censo. No mesmo período: houve um aumento de 34% em apenas um ano. Quando ampliamos o recorte para os últimos quatro anos, o avanço é ainda mais expressivo — o número de carros roubados subiu 205% desde 2020, saltando de 54 para 165 em 2024.
Os roubos a pedestres também tiveram alta de 12,5% ano passado: foram 99 casos no ano passado, contra 88 em 2023.
Houve queda nos casos de roubos a celulares, de 7%, de 71 casos em 2023 para 66 casos em 2024.
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Qual é a diferença entre roubo a pedestre e roubo de celular?
Os crimes de roubo a pedestre e roubo de celular, que até podem acontecer ao mesmo tempo, são registrados de forma separada pelas autoridades — e há um motivo para isso. O roubo a pedestre — também chamado de roubo a transeunte — refere-se à subtração de qualquer bem pessoal feita com ameaça ou violência enquanto a vítima caminha pela rua, podendo incluir bolsas, carteiras, joias, entre outros itens.
Já o roubo de celular, como o nome indica, diz respeito exclusivamente aos casos em que o aparelho é o alvo do assalto. O telefone pode alimentar a engrenagem do crime de diversas formas: pode ser desbloqueado e usado para transferências bancárias, revendido de forma clandestina ou até desmontado para a venda de peças.
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Entenda o que é o Mapa do Crime
Quais são os bairros mais perigosos do Rio? Onde os roubos aumentaram? Qual o horário menos seguro para caminhar pela vizinhança? E que riscos rondam minha casa ou a escola do meu filho? Para ajudar a responder a essas perguntas e entender a dinâmica da violência na cidade, O GLOBO lança hoje o Mapa do Crime, ferramenta interativa de monitoramento de roubos no Rio com dados inéditos de delitos por bairros. Disponível no site do jornal e acessível tanto pelo computador quanto nos celulares e tablets, o mapeamento oferece informações sobre roubos de celular, a transeunte, de veículo e em coletivo — ameaças que afetam diretamente a vida da população — em 147 bairros da capital.
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A ferramenta foi produzida a partir de microdados de mais de 250 mil registros de ocorrências obtidos via Lei de Acesso à Informação junto ao Instituto de Segurança Pública (ISP). O órgão, responsável por compilar as estatísticas da segurança no estado, divulga mensalmente indicadores divididos por áreas de batalhões e delegacias — que abrangem, na maioria dos casos, vários bairros. Buscando entender dinâmicas criminais hiperlocais, o GLOBO solicitou dados mais precisos de localização dos crimes e recebeu informações sobre os bairros onde cada ocorrência foi registrada, menor unidade territorial disponibilizada pelo ISP. É a primeira vez que indicadores criminais no Rio são divulgados com esse nível de detalhamento.