O ronco nem sempre é inofensivo: entenda quando ele é um alerta para problemas cardiovasculares sérios
Embora frequentemente seja associado apenas ao incômodo e ao desconforto, o ronco pode indicar problemas de saúde graves, como a apneia do sono. O ruído respiratório é causado pela turbulência do fluxo de ar ao passar pelas vias aéreas durante o sono, mas é importante ressaltar que o ronco nem sempre está relacionado à apneia. Diferentemente do ronco, a apneia do sono é um distúrbio caracterizado por paradas respiratórias transitórias até que a respiração seja restabelecida. Mesmo não sendo sinônimos, ambos podem coexistir, sendo o ronco um marcador importante e geralmente associado à apneia.
Consequências da apneia do sono
Durante os episódios de parada respiratória, a saturação de oxigênio no sangue diminui, desencadeando uma série de respostas no organismo. Uma delas é a liberação de substâncias como a adrenalina, que atua para restabelecer a respiração. Esse processo pode ser comparado a pequenos sustos repetidos ao longo da noite, resultando em fragmentação do sono e impedindo que ele seja verdadeiramente reparador. Além disso, a descarga recorrente de adrenalina e os picos de pressão arterial contribuem, ao longo dos anos, para o aumento significativo do risco de doenças cardiovasculares, como hipertensão, infarto e acidente vascular cerebral.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da apneia é realizado por meio da polissonografia, um exame detalhado que avalia o sono em laboratório especializado e permite determinar a gravidade do quadro. A partir dos resultados, é possível indicar o tratamento mais adequado, que pode variar conforme a gravidade e as características anatômicas do paciente. Entre as opções estão medidas cirúrgicas e não cirúrgicas, como o uso de aparelhos intraorais ou o CPAP, equipamento que mantém as vias aéreas abertas durante o sono.
Reconhecer a diferença entre o ronco simples e a apneia do sono é fundamental para garantir qualidade de vida e prevenir complicações graves. Por isso, diante de qualquer sinal de problema, é essencial buscar avaliação médica para obter o diagnóstico correto e definir o tratamento mais adequado.
Dr. Fernando Balsalobre – CRM 150700 RQE 68586
Otorrinolaringologista e Otologista pela USP
Coordenador do Comitê de Comunicação da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial)