Com apenas um comando de texto, as ferramentas de Inteligência Artificial generativa podem escrever, em poucos segundos, um artigo acadêmico que nos moldes tradicionais levaria meses de pesquisa para ser redigido, além de criar vídeos fictícios de eventos catastróficos com qualidade que beira uma filmagem real. Não há dúvidas de que a tecnologia vem mudando a relação entre as pessoas e as máquinas.
As implicações dessa revolução vão nortear os debates da quinta edição do Rio Innovation Week, que ocupa o Pier Mauá, na Zona Portuária, entre terça (12) e sexta (15), e tem como tema central a ética nestes novos tempos.
“Estamos testemunhando um impacto profundo na sociedade, principalmente em relação aos jovens e ao futuro do planeta. Sempre digo que toda inovação tem luz e sombra. Podemos falar sobre as vantagens da I.A. e da computação quântica, mas também temos de analisar os pontos negativos”, pontua o físico e astrônomo Marcelo Gleiser, responsável pela curadoria de uma das principais conferências do evento, a Ciência Para Todos.
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Durante quatro dias, 185 000 pessoas devem circular pelos galpões da Zona Portuária, equipados com quarenta palcos simultâneos, por onde passarão palestrantes de diferentes segmentos, da maior medalhista olímpica da história do Brasil, a ginasta Rebeca Andrade, ao médico congolês Denis Mukwege, vencedor do prêmio Nobel da Paz em 2018, passando pelo cantor Ney Matogrosso e a escritora mineira Carla Madeira.
Além disso, o evento vai contar com a presença de 2 000 startups e quatrocentos expositores. A expectativa é movimentar mais de 4 bilhões de reais em negócios, gerando em torno de 22 000 empregos, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. “Inovação, tecnologia e ética são os três pilares fundamentais para os setores mais importantes da economia do país, da agricultura até o open innovation, passando por educação, saúde e o futuro das profissões”, define Luciana Potsch, diretora-executiva do Rio Innovation Week.
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Conectando talentos globais e nacionais, empresas em fase embrionária em busca de incentivos e potentes representantes dos mais diversos mercados, o encontro vai dispor de quinze trilhas temáticas, que vão de varejo a impacto socioambiental e mudanças climáticas.
Entre as novidades, conexão digital, branding e arquitetura e urbanismo, além de uma programação especial dedicada à saúde física e mental e aos esportes, antecipando tendências relacionadas ao bem-estar.
O ponto que unirá todas as discussões é uma análise aprofundada sobre a relação entre as novíssimas tecnologias e o mercado de trabalho. Marcelo Gleiser explica que a escolha dos palestrantes leva em conta não só a fama, mas a capacidade de se comunicar com uma plateia que não domina aquele determinado assunto.
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“Acho importante incluir especialistas menos conhecidos, mas de relevância fundamental para os debates. Eles precisam ter liberdade para falar sobre os tópicos que fazem o coração bater mais acelerado”, enlaça.
Conferências como o Rio Innovation Week reforçam a iniciativa da prefeitura de transformar a cidade na “capital da inovação e da Inteligência Artificial”.
Anunciado na abertura do Web Summit, em abril, o projeto Rio AI City prevê a construção de um campus de última geração na Barra Olímpica, com capacidade inicial de 1,8 gigawatts e expansão para 3 gigawatts até 2032, abastecido por energia limpa e com fornecimento ilimitado de água. Essa infraestrutura é inédita e, ao sair do papel, será o principal hub de data centers da América Latina e um dos dez maiores do mundo.
Inaugurado em abril de 2024, o Porto Maravalley, fruto de Parceria Público-Privada, já atraiu setenta empresas focadas em novos negócios nessas áreas.
“O Rio foi capital da República e até hoje tem uma forte cultura de desenvolvimento. Além disso, pessoas de vários cantos do mundo querem vir para cá, ainda mais para participar de um grande evento”, afirma Daniel Barros, CEO do Porto Maravalley. Um futuro consciente e sustentável se avizinha.
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