Acima de tudo, é preciso ter coragem para ser feliz.
“Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mateus 6:21)
Há pouco mais de três décadas, vivi uma experiência que carrego comigo até hoje. Fui procurado, como pastor, por um jovem médico — o mesmo a quem eu havia recorrido meses antes para uma consulta. Ele me ligou e pediu que passasse em seu consultório. Queria me mostrar algo.
Assim que cheguei, foi direto ao ponto: abriu uma gaveta da mesa e, para minha surpresa, retirou dezenas de pequenas flautas, vindas de diferentes cidades ao redor do mundo.
Confesso que tentei disfarçar o espanto.
Com os olhos marejados, ele compartilhou sua história. Tornara-se médico por vocação, sim, mas também por imposição silenciosa dos pais já falecidos. O que ele nunca teve coragem de assumir — até aquele momento — era que seu verdadeiro chamado estava na música. O coração dele batia mesmo era pela flauta.
Então me perguntou: é possível ser feliz?
Sinceramente? Ainda que não tenha uma resposta definitiva, acredito que a felicidade é uma semente que só germina no terreno de quem ousa escolher-se. Sim, é necessário ter coragem para decidir ser feliz.
A felicidade não é algo divino, nem fruto do acaso, ou mesmo cai do céu, como a chuva. Ela é concreta. É construída a partir de escolhas reais, que exigem presença, entrega, e, muitas vezes, renúncia.
Às vezes, nutrimos a infantil idealização de que a felicidade é inalcançável ou é fruto de um presente sobre o qual não temos controle ou influência — quase uma bênção que não nos pertence. Essa ideia, frequentemente, serve apenas para justificar a falta de coragem diante das decisões que nos confrontam. Ser feliz exige mais que desejo: requer atitude!
Para viver plenamente, é preciso que nossas ações estejam em sintonia com a voz do coração. Quando isso acontece, tudo se encaixa. Mas se o que fazemos contradiz nossos anseios mais íntimos, a vida se torna árida, e a frustração, inevitável.
Jesus foi claro:
“Onde está o teu tesouro, aí estará o teu coração.”
O verdadeiro contentamento está aliançado com a equação de sentir e realizar. Ele nasce quando investimos nossa energia naquilo que verdadeiramente reside em nosso intimo. Logo, não basta desejar uma vida plena — é preciso plantar cada passo com intenção.
Se você me perguntar como ser feliz, me atrevo a propor uma “receita” simples, porém exigente: Viva de forma que o que você faz esteja em profunda harmonia com aquilo que você ama.
Quando isso acontece, a existência se torna expressão de amor. Do contrário, ela se transforma em palco de ressentimento.
Como disse a teórica familiar Froma Walsh:
“A resiliência nasce quando valores e paixões profundas orientam as decisões essenciais da vida.”
Desejo que você alcance conquistas importantes — mas, acima de tudo, que viva um reencontro corajoso com o que, de fato, faz seu coração bater.
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Receita para a felicidade: acima de tudo, é preciso ter coragem para ser feliz
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