A prisão de 18 flanelinhas no entorno do Maracanã, no último domingo (19), durante o jogo entre Flamengo e Palmeiras, expôs novamente a fragilidade da fiscalização no Rio de Janeiro e a atuação de criminosos em vagas públicas. Segundo a Polícia Militar, 14 dos detidos já tinham antecedentes por roubo, furto e exercício ilegal da profissão.
Cobrança e intimidação
A operação foi conduzida pelo 6º BPM (Tijuca) e flagrou guardadores ilegais cobrando entre R$ 60 e R$ 100 por vaga nas ruas próximas ao estádio, com pagamento via Pix. Motoristas, temendo represálias, acabavam cedendo à cobrança.
“O cidadão é coagido. Paga com medo de ter o carro danificado ou sofrer algum tipo de retaliação. Para que haja punição, é fundamental que a vítima registre a denúncia, que pode ser feita online com o comprovante de pagamento”, afirmou o tenente-coronel Renato Brum, comandante do batalhão responsável pela ação.
Sistema falho e impunidade
O oficial destacou que, sem o registro formal das vítimas, os detidos acabam liberados e voltam a atuar em poucas horas. A prática é enquadrada como crime de extorsão, com pena de quatro a dez anos de prisão e multa.
O problema, porém, ultrapassa os limites do Maracanã. A presença de flanelinhas ilegais é constante em bairros como Copacabana, Centro, Barra da Tijuca e Méier. A falta de fiscalização municipal tem permitido que esses grupos atuem como verdadeiras “milícias do estacionamento”, ocupando o espaço público e ameaçando motoristas.
Reação e expectativa
Diante das recorrentes denúncias, a Câmara Municipal do Rio aprovou o projeto da Área Azul Digital, que prevê o monitoramento eletrônico das vagas tarifadas. A medida busca coibir a ação de falsos guardadores e aumentar a segurança viária. O texto aguarda sanção do prefeito Eduardo Paes.
“O cidadão carioca não pode continuar sendo extorquido ao estacionar seu carro. Aprovamos um projeto que moderniza a fiscalização e garante controle digital sobre as vagas públicas. Espero que essa medida seja implementada rapidamente”, declarou o vereador Poubel (PL).
Enquanto o sistema digital não entra em vigor, motoristas e moradores seguem à mercê de extorsões nas ruas do Rio, em um cenário que combina omissão do poder público, reincidência criminal e medo. A cidade espera — e precisa — de uma solução efetiva e imediata.