Do Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, para o presídio federal de Catanduvas, no Paraná. Os sete chefes do Comando Vermelho suspeitos de ordenar barricadas e atos de retaliação à megaoperação policial, realizada no dia 28, nos conjuntos de favelas da Penha e do Alemão, estão sendo transferidos na tarde desta quarta-feira, como informou o blog de Malu Gaspar. Todos os transferidos possuem condenações relacionadas ao tráfico de drogas e foram incluídos no sistema federal em cumprimento à Lei nº 11.671/2008, que regulamenta a transferência de presos de alta periculosidade.
- Ligações do crime: Como conexões nas prisões federais ajudaram a tornar o CV nacional e reforçaram migração de criminosos para o Rio
- Serra da Misericórdia: dez dias após operação, bandidos mantêm base no maciço que separa Alemão e Penha
Catanduvas é a mesma penitenciária onde está Fernandinho Beira-Mar, primeiro detento do sistema penal federal, que “inaugurou” a unidade em 2006, segundo o blog. Mas eles não devem ter contato com Beira-Mar, nem entre si. A transferência foi um pedido do governo do Rio após a megaoperação que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio. Antes do episódio, o Estado tinha 58 presos no sistema federal, mas isso não impediu o CV de ampliar seu domínio.
Veja quem os são os presos transferidos
My Thor, preso há mais de duas décadas — condenado a 35 anos, 5 meses e 26 dias
Um dos mais antigos integrantes da facção, Marco Antônio Pereira Firmino, o My Thor, é citado em processos como chefe do tráfico no Morro Santo Amaro, no Catete, na Zona Sul. Ele está preso há mais de 23 anos. O primeiro período de prisão de My Thor foi entre 1988 e 1994. Dois anos depois, voltou ao sistema, fugiu e foi recapturado em 2000.
- Próximas ações: Rocinha, Cidade de Deus, Complexo de Israel e Maré estão na lista das favelas com operações policiais programadas pelo governo do estado
Foi novamente solto e voltou à cadeia em julho de 2006, quando foi condenado a 22 anos e seis meses de reclusão. Durante a condenação, passou 14 anos e dois meses migrando entre o sistema penitenciário federal. Voltou ao Rio de Janeiro em 2021.
Naldinho, o porta-voz — condenado a 81 anos, 4 meses e 20 dias
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/1/i/fBvRViQA277zgPdL812A/naldinho-do-cv.avif)
Já Arnaldo da Silva Dias, o Naldinho, foi condenado por tráfico e homicídio a mais de 50 anos de prisão, ele é apontado como chefe de favelas em várias cidades do Sul Fluminense e porta-voz do CV, sendo responsável por levar as ordens do topo até a base da facção.
Em fevereiro de 2024, Naldinho ordenou aos bandidos do CV uma trégua de roubos e guerras durante as reuniões do G20. As polícias Civil, Militar e Federal e o Ministério Público do Rio (MPRJ) tentam tirá-lo do estado há cerca de um ano. Desde outubro do ano passado, já foram feitos pelo menos quatro pedidos à Vara de Execuções Penais (VEP) por diferentes órgãos para a transferência do preso — até agora, sem sucesso.
- Megaoperação no Rio: lista com 113 presos divulgada inicialmente teve dez nomes repetidos, alguns mais de uma vez
Fabrício de Melo de Jesus, o Bicinho – condenado a 65 anos, 8 meses e 26 dias
Fabrício de Melo de Jesus, o Bicinho, é a pontado em processos como chefe do tráfico do bairro Dom Bosco, em Volta Redonda. Integrante de uma comissão do CV, responde a crimes de tráfico e de homicídio. Ele foi condenado a uma pena de 26 anos de prisão por envolvimento no assassinato de um homem que teve o corpo jogado no Rio Paraíba do Sul.
Carlos Vinicius Lírio da Silva, o Cabeça – condenado a 60 anos, 4 meses e 4 dias
Carlos Vinicius Lirio da Silva, o Cabeça da favela do Sabão, em Niterói, foi apontado pela Polícia Civil como o mentor de um plano de usar uma aeronave para tirar bandidos da cadeia em Bangu, em 2021. Ele próprio seria um dos alvos do resgate, já que, na ocasião, cumpria pena no Complexo Penitenciário de Gericinó. Seguindo o planejamento, dois homens da quadrilha de Cabeça chegaram a sequestrar um helicóptero durante um voo, em setembro do mesmo ano. O resgate só não ocorreu porque o piloto, que era policial civil, reagiu e lutou com os criminosos. A aeronave acabou pousando em outro local e a dupla fugiu.
- ‘Era uma chuva de tiros’: os relatos de policiais do Bope que participaram de resgates na megaoperação
Eliezer Miranda Joaquim, o Criam – condenado a 100 anos, 10 meses e 15 dias
Conhecido como Criam, um dos sucessores de Elias Maluco, é uma liderança na Baixada Fluminense. Criam tem 27 anotações criminais e uma ficha que inclui tráfico de drogas, homicídios, sequestros, formação de milícia privada e organização paramilitar. Ele já foi condenado a 60 anos de prisão por um ataque ocorrido em 2007, quando, junto a outros seis comparsas armados com fuzis e escopetas, executou um morador que se opunha à instalação de bocas de fumo em São João de Meriti. No mesmo episódio, ele também tentou matar um policial e outro homem.
Alexander de Jesus Carlos, o Choque – condenado a 34 anos e 6 meses
Conhecido como Choque ou Coroa, integrante da cúpula apontado como chefe do tráfico em Manguinhos, na Zona Norte do Rio. Em agosto desse ano, ele foi autorizado a realizar uma cirurgia no Hospital Samaritano, unidade de alto padrão em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Já passou por unidade de alta periculosidade federal, em Mato Grosso do Sul.
Roberto de Souza Brito, o Irmão Metralha – condenado a 50 anos, 2 meses e 20 dias
Conhecido como Irmão Metralha, ele é integrante do segundo escalão do Comando Vermelho, com atuação no Complexo do Alemão. Ele foi preso por tráfico em 2007, condenado a 50 anos, 2 meses e 20 dias.
No dia seguinte à megaoperação, moradores levam corpos para praça do Complexo da Penha
Mais corpos foram retirados por moradores de mata na Penha
