quem é o ex-jogador de futebol preso que virou chefe do Comando Vermelho no Ceará

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Zé Roberto atuou em clubes cearenses — Foto: Reprodução


Um ex-jogador profissional de futebol trocou os gramados pelo crime organizado e se tornou um dos cabeças do Comando Vermelho no Ceará, aponta um relatório da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), divulgado nesta sexta-feira pelo “Diário do Nordeste”. Identificado como José Roberto de Sousa Severo, de 41 anos, o ex-atleta é conhecido no mundo do crime como “Imperador” e “Jogador”.

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De acordo com as investigações, o ex-jogador teria sido o responsável por ordenar ataques a facções rivais e expulsar moradores da comunidade Vicente Pinzón, em Fortaleza, território cujo controle o grupo criminoso tenta assumir.

José Roberto foi preso no dia 20 de agosto, sob a acusação de coordenar ações da facção no estado, ligadas ao tráfico de drogas e à ameaça a moradores. Em Vicente Pinzón, imóveis ocupados pelo Comando Vermelho foram pintados de branco como forma de sinalizar a presença do grupo criminoso na região.

Chefe do CV conhecido como ‘Imperador’ estaria liderando ataques a facção rival — Foto: Reprodução

O relatório aponta que José Roberto era o principal chefe da facção criminosa no município de São Gonçalo do Amarante e que atua como “conselheiro” da facção carioca no Ceará.

Moradores das comunidades sob o comando de “Jogador” relataram à polícia que ele determinava a expulsão, e invasão de comércios e casas de pessoas que se recusavam a pagar taxas cobradas por serviços como gás e internet.

Em uma das invasões, ocorrida em 2020, segundo o documento, ele teria tentado extorquir dinheiro de um cidadão espanhol no bairro Caça e Pesca, em Fortaleza. Como o estrangeiro se recusou a pagar o exigido, acabou deixando o local, que foi tomado por criminosos. Em outras ocasiões, o ex-jogador teria cobrado dinheiro de uma igreja evangélica e até de parentes do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio.

“Jogador” já havia sido apontado como suspeito em dois homicídios ocorridos em 2006, e voltou a ser alvo de investigação em 2020, quando foi preso por envolvimento com o Comando Vermelho. Na ocasião, também teria participado da expulsão de moradores no bairro Praia do Futuro, em Fortaleza.

Carreira esportiva do ‘Jogador’

Conhecido como “Jogador” dentro da facção, José Roberto preferia ser chamado de “Zé Roberto” no futebol. O ex-atelta teve passagens pelo Jandaia Esporte Clube, do Paraná, entre 2002 e 2007, e por clubes cearenses como o Horizonte (entre 2009 e 2010) e São Benedito (em 2011). Todos os contratos foram registrados na Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

José Roberto de Sousa Severo, o 'Imperador' ou 'Jogador', foi preso pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) — Foto: Reprodução / PCCE
José Roberto de Sousa Severo, o ‘Imperador’ ou ‘Jogador’, foi preso pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) — Foto: Reprodução / PCCE

A defesa do suspeito alegou, em um processo de tráfico de drogas aberto em 2020, que “a vida de José Roberto, como a de muitos jovens de favela, sempre foi pautada pelo sonho de ser jogador profissional, conquistado com esforço, persistência e dedicação”.

De acordo com o “Diário do Nordeste”, após se aposentar dos gramados, o ex-atleta fundou escolinhas de futebol para crianças e adolescentes. Uma testemunha relatou à Polícia Civil que José Roberto atuava como treinador no Futebol Clube Atlético Cearense. Em julho de 2020, a delegada responsável pela investigação encaminhou um ofício ao clube solicitando esclarecimentos sobre a função exercida por ele na instituição.

Em resposta, o clube afirmou que José Roberto “não trabalha, nem trabalhou” na agremiação. Mas reconheceu que ele realizou testes para compor o elenco do Verdes Mares Esporte Clube, time que, em 2018, utilizava a estrutura do Atlético Cearense em razão de uma parceria.

A agremiação também informou que um dos filhos de Zé Roberto treinava na escolinha infantil da instituição, e que, durante a suspensão das aulas presenciais por conta da pandemia de Covid-19, o pai teria se oferecido para dar os treinos ao filho.

“Nesse sentido, o referido senhor não tem, nem teve qualquer vínculo empregatício ou relação de prestação de serviços com o Futebol Clube Atlético Cearense”, afirmou, em ofício à polícia, a então presidente do clube, Maria José Vieira, conforme o relatório.

* estagiário sob supervisão de Daniela Dariano



Conteúdo Original

2025-09-06 04:01:00

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