O verão já vem acendendo o asfalto. A luz escorre pela orla, a brisa sobe da Lagoa e o Rio adquire outro tipo de pulmão: gente que sai de casa para mover o próprio corpo ao ar livre. Se antes a estação era sinônimo exclusivo de praia, agora ela abraça corrida na ciclovia, treino no gramado, yoga sob a copa e pedal no fim da tarde. As marcas perceberam que não basta apenas patrocinar. Começaram a organizar as próprias corridas, a criar rituais de pertencimento e a transformar produto em experiência.
A La Vie Sports é um desses sinais dos tempos. Celebrou dez anos com uma prova autoral, a Corrida La Vie 10, em 28 de setembro, na Praia de Piratininga, em Niterói, com percursos de 5 e 10 quilômetros. O gesto vale mais do que a presença de um logo. É a marca indo para a rua, chamando a comunidade para se ver correndo junto. À frente, Roberta Perlingeiro e Fernanda Galindo, duas mulheres que trocaram o “só vestir” pelo “fazer parte” e, sem muito alarde, colocaram mais uma história bonita na cena carioca das corridas.
O calendário que se aproxima confirma a maré cheia. No sábado, 25 de outubro, a Renova Run Rio ocupa a Lagoa Rodrigo de Freitas com uma proposta simples e poderosa: sem chip, sem pódio, com propósito. É uma corrida para pertencer. O vereador Flávio Valle, idealizador do evento, explica o espírito: “Mais que uma corrida, a Renova Run Rio é um manifesto em movimento. Aqui, ninguém corre para vencer, corre para pertencer.”

Durante o evento, o público poderá participar de várias atividades integradas. A manhã começa com um aquecimento coletivo, segue para a corrida democrática e continua com minha prática de Onix Yoga, um momento de conexão e respiração com a paisagem da Lagoa. Para encerrar, um aulão de funcional HIIT promete fechar o evento em alta vibração.
No mapa da retomada ao ar livre entra também o Inspira Rio, encontro da Lagoa Aventuras no Parque da Catacumba, marcado para 8 de novembro. À frente da gestão do parque, Gabriel Werneck conduz com sensibilidade o projeto que vem transformando o espaço em um polo de convivência, natureza e bem-estar, com o apoio de Bruno Ururahy, responsável pelas parcerias e ações culturais. A proposta é reconectar corpo e natureza em um fim de semana de atividades abertas, um antídoto contra a pressa e o ar condicionado. Estarei na curadoria e nas ativações, porque nada me alegra mais do que ver a Catacumba vibrando como praça viva.

Dá para sentir essa mudança no dia a dia. No Onix Lagoa, espaço onde dou aulas ao ar livre, encontro pessoas de várias idades dividindo o mesmo sol: a mulher de 60 que nunca correu e hoje sustenta um pranayama com o olhar sereno, o rapaz que desce da bicicleta e entra tímido no alongamento, o casal que alterna trote e postura, um rindo do outro, os dois rindo da vida. Como educadora física e professora de yoga, acredito que o movimento precisa sair da prateleira do luxo. Ele é rotina, é saúde pública, é cidadania. Levar aula para o vento, para o gramado e para a borda da Lagoa é lembrar com o corpo que a cidade é nossa e que cuidar dela começa pela forma como a habitamos.
As marcas que entenderam isso abrem espaço para experiências que não cabem em sacola. A La Vie acende seu aniversário com gente suando de verdade. A Renova Run devolve a Lagoa a quem quer caminhar, correr e respirar junto, sem disputas além da própria superação. O Inspira Rio nos puxa à sombra boa do Catacumba para, por um instante, trocar notificações por passarinhos. Juntas, essas iniciativas contam uma história de verão que não é só termômetro. É temperatura afetiva, é política do encontro.
Se alguém me perguntar por que tudo isso importa, eu diria que é porque o Rio fica melhor quando a vida acontece do lado de fora. Quando a corrida vira conversa com a paisagem. Quando a prática de yoga respira com as árvores. Quando a marca sai do feed e entra na rua. Quando o evento deixa de ser quadro de medalhas e vira retrato coletivo. Este verão promete mais disso: a La Vie correndo com quem veste, a Renova Run unindo quem participa, o Inspira Rio lembrando que a cidade ainda cura quem caminha dentro dela. E eu, com o Onix Yoga, segurando a pausa entre uma inspiração e outra, para que a gente nunca esqueça que corpo e cidade só fazem sentido quando se movem juntos.