A primeira parcela do 13º salário deve ser depositada para os trabalhadores nesta sexta-feira (dia 28), no mesmo dia da Black Friday. Mas se você não está disposto a ceder aos apelos das muitas promoções do dia e pretende aproveitar o dinheiro para investir, especialistas apontam opções.
Em vez de deixar esse dinheiro na conta do banco ou gastar sem planejamento, há alguns caminhos e estratégias para investir, dependendo do seu objetivo: montar uma reserva de emergência, acumular patrimônio ou até começar a juntar o necessário para uma viagem de férias para o próximo ano.
Primeira coisa: pagar dívidas
Antes de iniciar qualquer planejamento para investir, alerta a estrategista de investimentos da XP, Rachel de Sá, o primeiro passo é avaliar a própria situação financeira e identificar se há dívidas. Caso elas existam, o melhor caminho é priorizar a quitação delas. Ainda mais no atual cenário brasileiro de juros altos.
— Se você tem dívida, a melhor coisa a fazer, antes de tudo, é pagá-la — afirma Rachel. — O retorno de um investimento minimamente seguro não será maior do que o ritmo de crescimento da sua dívida.
Autoavaliação importa
Para a consultora financeira independente Carol Stange, o 13º não é um “extra”, mas deve ser visto como parte da remuneração anual e um direito do trabalhador — e, por isso, não deve ser tratado como bônus ou sorte.
— Costumo dizer que o 13º não veio para ser gasto nas festas de fim de ano — diz. — Ele veio para ser usado com estratégia.
Carol afirma que, antes de escolher qualquer aplicação, é fundamental responder três perguntas simples:
De quanto precisa ser a sua reserva de emergência, aquele montante com o qual você pode contar a qualquer hora e que evita dívidas em cenários inesperados?
Você tem uma sobra financeira que pode ficar investida sem precisar mexer? E por quanto tempo?
Qual é o nível de risco que você está disposto a tolerar?
— Sei que, quando falamos de planejamento, tiramos um pouco a emoção do processo, mas é isso que proporciona segurança e viabiliza conquistas patrimoniais ao longo da vida — diz a consultora.
Para quem quer construir a reserva de emergência
Rachel explica que montar uma reserva de emergência exige uma etapa prévia de organização. O primeiro passo é identificar os custos fixos — aquelas despesas que, se não forem pagas, “fazem tudo desandar”, como moradia, alimentação e contas essenciais.
Com esses valores definidos, o passo seguinte é calcular uma reserva que cubra de seis a 12 meses desses gastos, garantindo proteção em caso de imprevistos.
— Isso varia muito de pessoa para pessoa — diz. — Tem gente que se sente confortável com 12 meses, tem gente que prefere dois anos. Também depende do vínculo empregatício: a chance de um concursado ser demitido é menor que a de um PJ, por exemplo.
Com o orçamento mapeado, Rachel afirma que é hora de buscar investimentos com liquidez, segurança e baixa volatilidade:
— Como não dá para prever quando uma emergência vai surgir, é fundamental escolher aplicações que permitam resgate imediato. Também vale priorizar instituições sólidas e ficar atento à volatilidade: entender quando faz sentido aportar mais ou esperar, dependendo do cenário.
Para Carol, a reserva é o “paraquedas” da vida financeira. Ela destaca três opções adequadas para iniciantes:
CDBs de liquidez diária de bancos sólidos: indicados para quem precisa ter acesso rápido ao dinheiro. Funcionam como um empréstimo ao banco e rendem, em geral, um percentual do CDI, a taxa média dos empréstimos entre bancos. Quanto mais sólido o banco, maior a segurança. A especialista destaca que a liquidez diária permite resgates imediatos, essenciais em emergências.
Fundos DI com baixa taxa de administração: investem principalmente em títulos públicos de curtíssimo prazo e buscam acompanhar o CDI. São práticos, ideais para quem prefere delegar a gestão. Mas é crucial que a taxa de administração seja baixa para não corroer a rentabilidade. A vantagem é a simplicidade, observa Stange: basta aplicar e deixar o fundo fazer o trabalho.
Tesouro Selic: considerado o investimento mais seguro do país. Acompanha a taxa Selic, preserva o poder de compra e possui liquidez diária. Esse tipo de título público é especialmente recomendado para quem está começando a montar a reserva e quer evitar oscilações, já que a volatilidade é baixa.
Se o objetivo é formar um capital que poderá ser usado naquele momento de imprevisto, o melhor é optar por investimentos conservadores e líquidos, ou seja, que podem se transformar em dinheiro na mão em pouco tempo.
— Reserva não é lugar de ousadia, é lugar de estabilidade. Não há carteira de investimentos que resista à falta de uma boa reserva — diz Carol Stange.
Para quem planeja uma viagem no próximo ano
Segundo Rachel de Sá, uma viagem marcada para os próximos seis meses, por exemplo, exige um planejamento de curto prazo.
— Como é um valor que precisa ser resgatado rapidamente, as indicações são as mesmas da reserva de emergência — diz a especialista da XP. — Mas é importante separar as aplicações, porque o objetivo da reserva não é o mesmo da viagem.
Carol Stange reforça que, em planejamentos de menos de 12 meses, o foco deve ser segurança e previsibilidade.
— O objetivo é evitar volatilidade — diz. — Em prazos tão curtos, até um ativo de risco moderado pode comprometer o orçamento das férias.
Para quem quer acumular patrimônio
Para aqueles que querem acumular patrimônio, como preparar uma aposentadoria mais tranquila, Rachel de Sá diz que o ideal é diversificar:
— Tudo vai depender do perfil do investidor. Se ele for mais moderado, por exemplo, pode optar por se arriscar um pouco mais, mas sempre garantindo o valor da sua reserva de emergência e não abandonando as rendas fixas.
Na visão de Carol Stange, vale o investidor considerar uma combinação entre três modalidades:
Renda fixa de prazos mais longos (Tesouro IPCA, CDBs de vencimento maior): indicada para quem já tem uma reserva de emergência formada e busca começar a construir patrimônio pensando no futuro. Títulos como o Tesouro IPCA pagam juros reais acima da inflação, protegendo o poder de compra ao longo dos anos. Já CDBs de prazos maiores costumam oferecer retornos superiores aos de liquidez diária, desde que o investidor aceite deixar o dinheiro “travado” por mais tempo.
ETFs de “carrego”: esses fundos de índice — que replicam carteiras diversificadas, como de renda fixa global ou ações amplas — podem ser vantajosos para quem pensa no longo prazo e busca exposição a ativos que geram retorno gradualmente, muitas vezes reinvestindo dividendos ou juros. Por terem taxas baixas e serem acessíveis, ETFs ajudam a diversificar a carteira sem exigir gestão ativa do investidor.
Ações de empresas perenes e resilientes: voltadas apenas para quem aceita o sobe-e-desce típico da renda variável e pode deixar o dinheiro aplicado por muitos anos. Empresas consolidadas, com histórico de lucros consistentes e participação relevante em seus setores, tendem a atravessar crises com mais estabilidade. No longo prazo, podem contribuir para a construção de patrimônio — desde que o investidor tolere a volatilidade no caminho.
— A lógica é simples: patrimônio não se constrói com um único tijolo — resume Carol Stange. — Acumular patrimônio de forma sustentável em uma carteira coerente demanda estudo de quais papeis combinam entre si e de parte importante da carteira alocada na renda fixa.
Com informações da fonte
https://extra.globo.com/economia/noticia/2025/11/primeira-parcela-do-13o-salario-e-depositada-hoje-quer-investir.ghtml
Primeira parcela do 13º salário deve ser depositada até hoje. Quer investir?

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