População apoia operação no Rio, apesar de tentativa de manipulação

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Com informações de Folha de S. Paulo. A operação policial no Rio nesta terça (28) recebeu aprovação da maioria dos fluminenses. Afinal, chacina mesmo é o que criminosos fazem diariamente nas ruas do Rio. Segundo o Datafolha, 57% dos moradores da capital e da região metropolitana da cidade consideram a ação um sucesso. Outros 39% pensam o contrário.

Aprovação da população

A operação nos Complexos da Penha e do Alemão resultou na morte de mais de 100 criminosos. A ação teve como objetivo combater a facção criminosa Comando Vermelho. Posteriormente, o tema gerou forte embate político entre setores da direita e o governo Lula (PT) sobre segurança pública no Rio e no país.

A pesquisa do Datafolha ouviu 626 eleitores por telefone entre quinta (30) e sexta (31). A margem de erro é de quatro pontos percentuais. Assim, é possível afirmar que a maioria dos entrevistados se mostrou favorável à operação.

Percepção dos entrevistados

Consideraram a ação bem-sucedida integralmente 38% dos entrevistados, enquanto 18% a aprovaram parcialmente. Por outro lado, 27% discordaram totalmente e 12% em parte. Apenas 3% não se posicionaram e 2% não souberam responder.

Diferenças por perfil

Ainda que a percepção seja relativamente homogênea, há variações relevantes. Homens aprovaram a operação mais do que mulheres (68% ante 47%). Já jovens de 16 a 24 anos e pessoas com renda de 5 a 10 salários mínimos demonstraram maior rejeição (respectivamente 59% e 49%). É importante ressaltar que a margem de erro é maior nesses grupos.

Moradores de favelas seguiram a tendência geral da cidade, sem diferenças significativas entre regiões mais ricas e mais pobres. Afinal, as comunidades do Alemão e da Penha concentraram o confronto.

Avaliação da execução

Para 48% dos entrevistados, a operação foi bem executada. Já 21% afirmaram que houve falhas e 24% reprovaram o procedimento. Entre pessoas negras, porém, a reprovação chegou a 43%, ainda que dentro de uma margem de erro mais ampla.

Além disso, 50% afirmaram acreditar que a maioria dos mortos era composta por criminosos. Outros 31% disseram que todos eram criminosos. Apenas 4% avaliaram que a minoria era inocente, e 1% disse que todos eram inocentes. Segundo o governo, 78 dos 119 suspeitos tinham passagem pela polícia.

Disputa política

Os dados fortaleceram o discurso da direita em defesa da operação e do endurecimento no combate ao crime, estratégia que se intensificou durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Enquanto isso, Lula tenta conduzir uma agenda legislativa de segurança pública, buscando se distanciar da acusação de leniência com criminosos.

Na sexta-feira, o presidente enviou ao Congresso o projeto da Lei Antifacção, que altera a legislação penal aplicada ao Comando Vermelho e ao PCC — grupos que expandiram sua atuação para além do tráfico, infiltrando-se em setores legais como o de combustíveis.

Com efeito, quando o Datafolha cruza as opiniões com a declaração de voto no segundo turno presidencial de 2022 entre Lula e Bolsonaro, as divisões da polarização que tem marcado a política brasileira ficam claras.

Entre aqueles que votaram no petista no Rio, 67% desaprovaram a ideia de que a operação tenha sido um sucesso. Já 83% dos eleitores do ex-presidente concordam com a avaliação. No estado todo, Bolsonaro teve 56,53% dos votos válidos, ante 43,47% de Lula.

O estado é um bastião bolsonarista e usual palco de manifestações em favor do ex-presidente. Castro, que chegou ao poder herdando o cargo de Wilson Witzel (PSC), afastado e depois objeto de impeachment em 2021, é um apoiador de Bolsonaro e teve 58,67% dos votos ao ser reeleito no primeiro turno de 2022.

O instituto também resgatou a clássica frase “bandido bom é bandido morto” e questionou os fluminenses sua opinião sobre ela. O resultado foi uma divisão, com 51% concordando com a afirmação e 46%, discordando.

Mas há nuances no que pode parecer uma chancela completa à mão pesada do estado. Para 73%, é errado dizer que quem sempre morre em operação policial é bandido, enquanto 23% disseram acreditar nisso.

Além disso, 77% dos entrevistados afirmaram que é mais importante priorizar a investigação de crimes do que simplesmente matar os criminosos, algo defendido por 20%. Ainda segundo dados do governo, só seis dos mortos tinham mandado de prisão na operação.

Tais percepções têm se refletido na abordagem mais cautelosa no apoio a Castro por presidenciáveis da direita, como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ratinho Jr. (PSD-PR).

O primeiro participou virtualmente do lançamento do Consórcio da Paz, grupo que reúne os governantes estaduais de oposição a Lula para discutir assuntos ligados à segurança pública, e o segundo não apareceu.



Com informações da fonte
https://www.a3noticias.com.br/operacao-policial-no-rio-recebe-apoio-da-populacao/

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