Policial do Bope é sepultado com homenagens; ‘Resposta será dada à altura e dentro da legalidade’, promete secretário da PM

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Colegas de farda carregam o caixão do sargento Heber — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo


Um longo cortejo, saído da sede do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, conduziu o corpo do terceiro-sargento Heber Carvalho da Fonseca, de 39 anos, até o Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste da capital. Ele morreu na megaoperação policial da última terça-feira nos complexos da Penha e do Alemão. O trajeto de cerca de 40 quilômetros foi acompanhado por dezenas de veículos e um helicóptero da polícia. Batedores em motocicletas abriam caminho para o carro do Corpo de Bombeiros transportando o caixão, que desceu à sepultura no começo da tarde, sob uma fina chuva e com honras militares.

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O sepultamento do sargento foi acompanhado por parentes, amigos e colegas de fardas. Ele recebeu ainda uma última homenagem de um grupo de fuzileiros, do qual fez parte, antes de seguir carreira no Bope. O secretário da PM, coronel Marcelo Menezes, que também estava presente, classificou a operação como um marco para a segurança pública.

— Quero me solidarizar com as vítimas, as famílias e os feridos. Esses policiais foram atacados por narcoterroristas. Nós fizemos um planejamento meticuloso, criterioso para proteger a população daquela região, estabelecemos uma estratégia denominada “muro do Bope”, inovadora, visando a proteger a população. E certamente foi exitosa, à medida que a opção pelo enfrentamento foi desses marginais, que estavam fortemente armados. Essa operação foi um marco para a segurança pública no Rio. A gente apela para o que o cidadão de bem se una e valorize os policiais militares e civis, porque são eles a última barreira entre o bem e o mal e são eles que virarão a chave da segurança pública no Rio de Janeiro — disse o oficial.

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O secretário da PM disse também que a operação fez parte de uma política pública e estratégia para conter o expansionismo do tráfico e que vai continuar acontecendo não só naquela área, mas também em outras regiões do estado. Sobre os policiais militares feridos, informou que dois estão em estado grave e sete estabilizados com a perspectiva de alta nos próximos dias.

Menezes disse ainda que tem um delegado da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) em estado grave e mais três policiais civis também estabilizados, que poderão deixar o hospital em breve. Sobre o sargento Heber, Menezes afirmou que o agente era um exemplo para a corporação e que a PM vai adotar como lema a frase dele: “Ninguém vai parar a gente” .

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— Em nome da família e dos filhos dele estamos aqui para dizer que a (perda da) vida dele não será em vão e que a resposta será dada à altura e dentro da legalidade — disse o secretário, acrescentando que as operações vão continuar e serão cirúrgicas e pautadas em planejamento prévio.

A viúva Jéssica acompanhou o sepultamento amparada pelos filhos, que estavam com camisas do Bope, em homenagem ao pai. Abalada, ela não quis dar declarações à imprensa.

Para o cunhado de Heber, o corretor de imóveis, Anderson Araújo, o que fica é a saudade. Ele descreve o cunhado como homem maravilhoso, pai amoroso, que deixa, além da viúva, dois filhos e um enteado, que o considerava como pai:

— Quem o conheceu está sofrendo agora, está doendo. Ele era casado com a minha irmã, pai de dois filhos e tem um enteado que ele cuidava como filho, também o enteado o considerava como pai. E todos o amavam muito, muito mesmo. Um herói. Um verdadeiro herói.

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Anderson contou ainda que, sempre que Heber estava numa operação, Jéssica mandava mensagens e, assim que o agente podia, respondia para tranquilizá-la, como fez na terça-feira. Os dois chegaram a trocar mensagens pela manhã até que, num determinado momento, ele deixou de respondê-las.

O corretor de imóveis contou também que a família chegou a ir ao Hospital Central da PM, no Estácio, para onde estavam sendo levados policiais baleados. Mas, os parentes perderam as esperanças de encontrá-lo com vida ao serem informados de que seu nome não estava na lista dos feridos.

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Durante Operação Contenção nos complexos da Penha e Alemão, morreram quatro policiais — dois militares e dois civis, além de 117 pessoas apontadas como suspeitos pelas autoridades de segurança. Outros 15 policiais ficaram feridos. A operação é considerada a mais letal da história.



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/10/30/policial-do-bope-e-sepultado-com-homenagens-resposta-sera-dada-a-altura-e-dentro-da-legalidade-promete-secretario-da-pm.ghtml

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