Policiais civis e militares suspeitos de integrar milícia no Rio de Janeiro foram presos, na manhã desta terça-feira (9/12), pelo Ministério Público do RJ, com apoio das corregedorias da Polícia Civil e da Polícia Militar.
Os mandados fazem parte da Operação Golden Head e foram cumpridos em unidades prisionais e nas seguintes localidades: Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Belford Roxo e Duque de Caxias.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ) denunciou 13 integrantes da milícia que atuava em Belford Roxo e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Entre os denunciados estão dois agentes de segurança pública: o policial civil Jaime Rubem Provençano, então lotado na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), e o policial militar Gilmar Carneiro dos Santos, conhecido como Professor Gilmar, que trabalhava no 39º BPM à época dos fatos, em 2024. Todos presos na operação.
Segundo o Ministério Público, os dois integravam o braço estatal da organização criminosa, responsáveis por vazar informações sobre operações policiais e dar suporte tático às atividades ilícitas do grupo, garantindo proteção e antecipando movimentações das forças de segurança.
A denúncia foi recebida pela 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa, que decretou a prisão preventiva de todos os envolvidos.
Liderança dentro e fora das prisões
A investigação conduzida pelo Gaeco apontou que a milícia era comandada por dois criminosos:
• Diego dos Santos Souza, o Cabeça de Ouro;
• Carlos Adriano Pereira Evaristo, o Carlinhos da Padaria.
Mesmo presos, ambos exerciam controle total das atividades, emitindo ordens por meio de celulares e recados transmitidos por intermediários.
O responsável por gerenciar a cobrança das extorsões era Ângelo Adriano de Jesus Guarany, o Magrinho.
Ele coordenava a comunicação entre os chefes encarcerados e os cobradores que circulavam entre Belford Roxo e Duque de Caxias.
Extorsões, torturas e disputas armadas
De acordo com o MPRJ, a milícia atuava principalmente nos bairros Wona, Lote XV, Vale das Mangueiras, em Belford Roxo e Pantanal, em Duque de Caxias
O grupo explorava comerciantes, mototaxistas e moradores, cobrando taxas de “proteção” e impondo punições violentas a quem se recusava a pagar.
A denúncia cita ainda casos de tortura, execuções sumárias, disputas armadas por território, expulsões forçadas, coações internas, e até “traições” punidas pelos próprios integrantes.
O Gaeco reuniu provas de controle financeiro detalhado, prestação de contas e mensagens que confirmam a hierarquia da organização e o envolvimento direto dos agentes públicos denunciados.
Todos os 13 denunciados responderão pelo crime de constituição de milícia privada, sem prejuízo de novas acusações conforme o avanço da investigação.

