A Polícia Civil revelou nesta quinta-feira como criminosos infiltrados em torcidas organizadas do Rio se organizam para praticar crimes. Segundo os investigadores, eles usam redes sociais e códigos próprios para planejar ações violentas em dias de jogos. Os suspeitos foram alvo hoje da Operação Pax Stadium. Agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) cumpriram 39 mandados de busca e apreensão em diversos endereços, incluindo sedes de torcidas na capital fluminense.
Durante as diligências, um homem foi preso em flagrante após entrar em confronto com policiais. Segundo os investigadores, a ação busca reunir provas contra infiltrados que se aproveitam da estrutura das torcidas para planejar delitos, em meio à escalada de violência registrada nas últimas semanas, com confrontos, mortes e tumultos em estádios e arredores.
Um dos códigos mais usados pelos bandidos, segundo a polícia, é “PAS” — sigla para “pelotão de assalto surpresa”. Em conversas on-line, os infiltrados perguntam entre si se haverá “paS” ou “paZ” no jogo, numa forma cifrada de indicar se pretendem praticar assaltos ou manter o comportamento pacífico.
Os delegados informaram ainda que, nas últimas semanas, foram feitas apreensões de explosivos e de uma arma em sedes de torcidas investigadas. Eles frisaram, no entanto, que a investigação não é contra as torcidas organizadas em si, mas contra criminosos que se aproveitam da estrutura desses grupos para arquitetar crimes.
Para coibir essas ações, a Polícia Civil pretende ampliar o uso do sistema de reconhecimento facial do Maracanã — que hoje já faz a biometria na entrada — para identificar e capturar os suspeitos antes de novas ocorrências de violência.
O aumento de violência envolvendo torcedores organizados no Rio voltou a deixar mortos e feridos nas últimas semanas. Um vascaíno foi baleado e morreu; outro foi atingido no pé; e um torcedor foi morto a pauladas em confrontos recentes.
Um dos grupos investigados pela Polícia Civil, a Torcida Jovem Fla (TJF), havia sido banida dos estádios por cinco anos e, no dia de seu retorno, protagonizou cenas de violência em Copacabana, além de tumultos na Ponte Rio–Niterói e na linha férrea do ramal Marechal Hermes, na Zona Oeste.
Como consequência, o Juizado do Torcedor determinou nesta terça-feira uma nova suspensão: a TJF está proibida de entrar em qualquer evento esportivo por mais dois anos. A Polícia Civil reafirma que as investigações não têm como alvo as torcidas organizadas em si, mas sim criminosos infiltrados que se aproveitam dessas estruturas para planejar ataques.
Estagiária sob a coordenação de Leila Youssef