Polícia prende suspeito de ser um dos atiradores na execução do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes

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José Nildo da Silva, 47, preso por suspeita de envolvimento no assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes — Foto: Divulgação/SSP


A Polícia Civil de São Paulo prendeu mais um suspeito de envolvimento no assassinato do ex-delegado-geral do estado, Ruy Ferraz Fontes, nesta terça-feira, 21. Identificado como José Nildo, de 47 anos, ele foi capturado em Itanhaém, no litoral paulista. É o oitavo detido por suposta participação no crime, e duas pessoas seguem foragidas.

De acordo com o atual delegado-geral, Arthur Dian, Nildo foi visto no dia do homicídio chegando armado e com colete à prova de balas em uma das casas usadas na logística da emboscada. A polícia acredita que ele possa ter sido um dos atiradores.

— Identificamos que o indivíduo chegou por volta das 23h30 a uma residência em Itanhaém, armado e usando colete à prova de balas, acompanhado de uma mulher e de um veículo modelo Clio — afirmou Dian. A mulher mencionada não foi localizada.

De acordo com a polícia, Nildo tem antecedentes criminais por ameaça, violência doméstica e porte ilegal de arma. Não foi esclarecido se ele teria envolvimento com a facção criminosa Primero Comando da Capital (PCC). O GLOBO tenta contato com a defesa do acusado.

Continua em aberto a motivação do crime — se foi pela atuação de Fontes contra o PCC durante sua gestão como delegado-geral, ou se pelo seu trabalho recente como secretário de Administração em Praia Grande. Investigadores suspeitam que um processo de licitação para ampliação do sistema de videomonitoramento e Wi-Fi em na cidade pode ter motivado o assassinato. O contrato tinha o valor de R$ 24,8 milhões.

Cinco funcionários da Prefeitura de Praia Grande são investigados pela Polícia Civil. Entre eles, está Sandro Rogerio Pardini, subsecretário de Gestão e Tecnologia. Pardini ocupava o cargo comissionado, ligado à Secretaria de Planejamento, havia oito meses. Depois da operação, ele pediu exoneração do cargo.

Em nota, a defesa de Pardini afirmou que os elementos que foram colhidos ainda estão em fase de análise e que o subsecretário nega veementemente toda e qualquer participação, seja ela direta ou indireta, nos fatos que estão sendo apurados.

  • Felipe Avelino da Silva, vulgo Mascherano, de 33 anos, teve o DNA encontrado em um dos carros usados no crime. Acusado de comandar o PCC no ABC Paulista, Mascherano foi preso em Cotia, na Grande São Paulo
  • Willian Silva Marques, de 36 anos, é proprietário da casa apontada como base dos criminosos em Praia Grande.
  • Dahesly Oliveira Pires, de 25 anos, foi detida por suspeita de ser a mulher que foi buscar o fuzil usado no crime na Baixada Santista.
  • Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como Fofão, de 38 anos, preso em São Vicente (SP) por ser suspeito de participar da logística da execução de Ruy Ferraz Fontes.
  • Rafael Marcell Dias Simões, conhecido como Jaguar, Ele se entregou à polícia em 20 de setembro, em São Vicente (SP).
  • Danilo Pereira Pena, aos 36 anos, é conhecido como Matemático. Ele que teria mandado Luiz Henrique Santos Batista levar Jaguar de São Vicente a São Paulo.
  • Cristiano Alves da Silva, conhecido como Cris Brown, tem 36 anos
  • Luiz Antonio Rodrigues de Miranda, de 43 anos, procurado por suspeita de ter ordenado que uma mulher fosse buscar um dos fuzis usados no crime.
  • Flávio Henrique Ferreira de Souza, de 24 anos, também teve o DNA encontrado em um dos carros. Morto Umberto Alberto Gomes, 39 anos, teve o DNA encontrado na casa que teria sido usada pelos criminosos em Mongaguá.

O ex-delegado-delegado foi executado a tiros enquanto dirigia um carro em Praia Grande. Imagens do crime mostram seu carro sendo perseguido e colidindo com um ônibus. Na sequência, homens descem de outro veículo e atiram contra o automóvel da vítima. O ataque ocorreu na avenida Doutor Roberto de Almeida Vinhas, na Vila Caiçara, por volta das 18h20, segundo a Polícia Militar.

No dia 25 de agosto, ao GLOBO, ele disse que estava “sozinho” na cidade da Baixada Santista, e não contava com nenhuma proteção do Estado. Aos 64 anos, estava aposentado da Polícia Civil e atuava como secretário de Administração de Praia Grande desde janeiro de 2023. Na conversa, demonstrou preocupação com o fato de viver na Baixada Santista, região conhecida como um dos fortes redutos do Primeiro Comando da Capital (PCC).

— Eu tenho proteção de quem? Eu moro sozinho, eu vivo sozinho na Praia Grande, que é no meio deles. Pra mim é muito difícil. Se eu fosse um policial da ativa, eu tava pouco me importando, teria estrutura para me defender, hoje não tenho estrutura nenhuma — afirmou.

Apesar de se mostrar apreensivo, afirmou que, nos mais de 40 anos de Polícia Civil, nunca recebeu ameaças do crime organizado.

— Teve uma conversa só meio atrapalhada com o Marcola, mas nunca teve um desenrolar negativo. No mundo do crime, existe uma ética. E essa ética é cobrada, de uma forma geral. Em que momento nós instruímos um inquérito policial e inventamos alguma prova contra eles? Nunca. Se tinha provas, a gente relacionava e depois ia depor em juízo. A gente não inventou provas. Se ele é criminoso e pratica crime, eu sou da polícia e investigo. Então não gera um descompasso pessoal em relação a quem investiga — detalhou.

Fontes foi o delegado responsável por revelar a organização, a estrutura hierárquica e a dimensão do PCC pouco tempo depois que a facção surgiu nos presídios paulistas. É dele também os inquéritos policiais que resultaram nas principais condenações de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder da organização criminosa.

Ele foi delegado-geral de São Paulo entre 2019 e 2022. Comandou divisões como Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes (Denarc) e Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), além de dirigir o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/brasil/sao-paulo/noticia/2025/10/21/policia-prende-suspeito-de-ser-um-dos-atiradores-na-execucao-do-ex-delegado-geral-ruy-ferraz-fontes.ghtml

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