Polícia investiga se funcionários de empresa de internet foram mortos por não pagarem ‘taxa’ a traficantes na Bahia

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Três funcionários de empresa de internet são mortos a tiros em Salvador — Foto: Reprodução/TV Bahia/TV Globo


Os três funcionários de uma empresa de internet assassinados enquanto trabalhavam em Salvador, nessa terça-feira, podem ter sido mortos pelos criminosos como uma forma de retaliação, segundo familiares. Essa é uma das linhas da investigação conduzida pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), que apura se as vítimas foram punidas pelo fato da empresa não pagar uma taxa imposta por traficantes para atuar na região do bairro Alto do Cabrito, dominado pelo crime organizado.

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Apesar disso, a Polícia Civil do estado ressaltou que “todas as hipóteses” ainda estão sendo investigadas. Nesta quinta-feira, o órgão informou que “já tem indicativo” dos autores das mortes, e a principal linha de investigação aponta para um grupo criminoso com atuação em Marechal Rondon, bairro vizinho.

“O veículo Volkswagen Kombi, utilizado pelos trabalhadores, foi localizado por equipes do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), no bairro Granjas Rurais, nesta quinta-feira (18), e passa por perícia do Departamento de Polícia Técnica (DPT)”, informou a Polícia Civil, que também fez perícias onde os corpos foram encontrados e onde os trabalhadores foram rendidos.

‘Estava sendo cobrada propina’

Na tarde de ontem, o Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações da Bahia (Sinttel- Bahia) realizou uma manifestação contra a violência sofrida pelos profissionais da área. Para o presidente da entidade, Joselito Ferreira, que organizou a carreata, os trabalhadores são submetidos a condições precárias e não possuem o amparo necessário das empresas.

Os profissionais mortos foram identificados como Ricardo Antônio da Silva Souza, de 44 anos, Jackson Santos Macedo, de 41, e Patrick Vinícius dos Santos Horta, de 28. Os três usavam uniformes da empresa na qual trabalhavam, a Planet Internet, e se preparavam para fazer um serviço no bairro quando foram mortos. Eles foram encontrados com sinais de tortura e os pés e as mãos amarradas.

De acordo com familiares, assim como outros trabalhadores, as vítimas teriam sido ameaçadas por traficantes a pagarem propinas para realizarem as instalações na área:

— Segundo a gente sabe, estava sendo cobrada propina, né? Pelo fato deles instalarem internet. Estavam querendo propina para poder alimentar, de uma certa forma, o tráfico de droga — disse um homem, que preferiu não ser identificado, ao portal de notícias g1.

Ao jornal Correio, uma familiar de Ricardo também afirmou que ele já tinha sido ameaçado por criminosos, que o liberaram “para dar um recado” à empresa, deixando claro que os técnicos seriam assassinados caso o valor não fosse pago.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do estado informou que teve uma reunião na manhã de quarta-feira “com representantes das empresas prestadoras de serviço, na qual informações foram repassadas para integrantes das Polícias Militar e Civil”. A pasta também afirmou que as forças estaduais “intensificaram as ações na região do Alto do Cabrito e Marechal Rondon, visando a captura dos criminosos envolvidos nas mortes violentas”.

“É prioridade número um a localização destes covardes, que de forma desumana retiraram a vida de três trabalhadores. Todos os recursos serão utilizados na identificação e localização destes indivíduos”, afirmou no comunicado o secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner. “O Estado dará uma resposta firme contra os autores deste crime bárbaro e covarde”.

A empresa Planet Internet, em nota divulgada nas redes sociais, informou estar consternada com o ocorrido e prestou solidariedade aos familiares. A organização afirmou que colabora com as investigações e ressaltou que não recebeu “em momento algum qualquer pedido de resgate ou de pagamento para acesso de suas equipes à localidade em questão”.



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/12/18/policia-investiga-se-funcionarios-de-empresa-de-internet-foram-mortos-por-nao-pagarem-taxa-a-traficantes-na-bahia.ghtml

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