Polícia investiga racismo contra criança de 9 anos em rodoviária do RJ

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1 de 1 Imagem colorida - Foto: Reprodução/Redes sociais


A Polícia Civil investiga um caso de racismo contra uma criança de 9 anos na Rodoviária Novo Rio, no Rio de Janeiro. Segundo a mãe da criança, a microempreendedora e estudante de direito Tainá Rosa, 38 anos, ela foi chamada de “macaca” por uma senhora dentro do banheiro do terminal na última segunda-feira (25/8).

Confira relato da mãe:

“Minha filha saiu do sanitário para lavar o rosto e eu ainda estava finalizando quando vi a mulher se afastar dela, com um olhar de desprezo e nojo. Perguntei se tinha acontecido algo, achando que ela poderia ter se molhado sem querer. A senhora não respondeu, mas murmurou algo, e ouvi a palavra “macaca”‘, relatou Tainá em depoimento das redes sociais.

A criança, em lágrimas, confirmou à mãe ter sido insultada. “Ela me disse chorando que a mulher a chamou de ‘‘macaca” três vezes. Foi um dos piores momentos da minha vida”, desabafou.

Tainá afirma que tentou acionar imediatamente as autoridades. “Procurei os seguranças da rodoviária, mas nada fizeram. Liguei para a Polícia Militar e, como demoravam, segurei a racista para que não fosse embora”, contou.  Segundo a mãe, após mais de 30 minutos, uma viatura que não havia sido designada para a ocorrência apareceu. Ela e a filha foram encaminhadas para a delegacia, mas a suspeita deixou a rodiviária pela porta da frente.

“O procedimento correto não foi seguido. Racismo é crime inafiançável. Minha filha deveria ter sido ouvida em uma delegacia especializada, mas isso não aconteceu”, criticou.

De acordo com Tainá, até para conseguir o boletim de ocorrência houve dificuldade. “O policial achou um absurdo a racista ter ido embora sem o depoimento da minha filha. Ele mesmo disse que o testemunho dela e o meu já seriam suficientes para configurar o crime”, relatou.

O caso foi registrado na 4ª Delegacia de Polícia, onde um agente atendeu mãe e filha. Em nota ao Metrópoles, a Rodoviária do Rio S/A afirmou que os sanitários são geridos internamente pela Coderte, desde abril de 2020 com funcionários próprios.

A Rodoviária do Rio expressou sua consternação diante de um relato de discriminação e afirmou que não tolera nenhum tipo de preconceito em suas instalações. Segundo a empresa, ao ser acionada pela mãe da adolescente, o vigilante patrimonial, que é um homem negro, orientou a acionarem a Polícia Militar pelo número 190, já que se tratava de um assunto de competência da autoridade policial.

Segundo nota, a viatura policial compareceu ao terminal e conduziu as partes envolvidas à 4ª Delegacia de Polícia, onde foram realizados os procedimentos legais. A Rodoviária do Rio destacou que, de acordo com a 4ª DP, o caso não foi tipificado como crime de racismo devido à falta de elementos probatórios que configurassem essa prática, e a suposta autora foi liberada.

Veja nota completa:

“O que está sendo dito em relação à nossa empresa não condiz com a realidade dos fatos verdadeiramente ocorridos no dia 25/8 no sanitário feminino do desembarque (serviço este gerido inteiramente pela CODERTE, desde abril de 2020 com funcionários próprios).

A Rodoviária do Rio S/A reitera sua profunda consternação diante do relato de discriminação e afirma que não compactua nem nunca compactuou com qualquer tipo de preconceito em nossas instalações. Assim que acionado pela mãe da adolescente, nosso vigilante patrimonial — que também é um homem negro — orientou a Sra. a acionar imediatamente a PM por meio do número 190 já que se tratava de um assunto de competência da autoridade policial.

A viatura compareceu ao terminal e conduziu as partes envolvidas à 4ª Delegacia de Polícia, onde foram realizados os procedimentos legais cabíveis. Importante esclarecer que, segundo a própria 4ª DP, o caso não foi tipificado como crime de racismo por ausência de elementos probatórios que configurassem essa prática motivo pelo qual a suposta autora foi liberada.

Cabe destacar ainda que a acusada pelo ato também é uma mulher negra, o que reforça a complexidade da ocorrência. Desde o primeiro momento, nossa equipe se colocou à disposição das autoridades policiais para quaisquer esclarecimentos necessários assim como a Ouvidoria, que fez contato telefônico com a mãe da adolescente na última terça feira (26/8). Continuaremos colaborando com as autoridades competentes em tudo que estiver ao nosso alcance, porém não achamos justo nossa empresa seja responsabilizada pelo episódio que, conforme já demonstrado, não envolveu diretamente seus funcionários e cuja apuração está sendo conduzida pelas autoridades competentes.”



Conteúdo Original

2025-08-28 16:46:00

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