Em mais um duro golpe contra o crime organizado no Rio de Janeiro, a Polícia Civil deflagrou nesta quarta-feira (19) uma operação para desarticular uma quadrilha especializada em roubos com uso de motocicletas. O grupo agia com violência e precisão, aterrorizando moradores da Zona Sul e da Grande Tijuca. Mas apesar das prisões, a sensação nas ruas ainda é de medo: “Até quando a legislação vai manter os bandidos na cadeia”, questiona a população.
Seis mandados de prisão foram cumpridos pela equipe da 15ª DP (Gávea), responsável pelas investigações. Dois bandidos seguem foragidos. Segundo os agentes, os criminosos tinham funções bem definidas dentro da organização, que operava como uma verdadeira empresa do crime.
Celulares, joias e dados bancários eram os principais alvos. As vítimas eram abordadas por duplas armadas em motos, obrigadas a entregar seus aparelhos e senhas. Antes que pudessem bloquear os dispositivos, os bandidos já haviam esvaziado contas bancárias via Pix e transferências, além de realizar compras de alto valor.
Diante da escalada de crimes com motos, o Governo do Estado deu uma resposta rápida e lançou na terça-feira (18) uma força-tarefa para combater esse tipo de ação. A Polícia Civil segue investigando outros grupos com o mesmo perfil, reforçando o cerco contra quadrilhas que usam velocidade e violência para lucrar com o medo.

Modus operandi veloz e cruel
A delegada Daniela Terra explicou que o uso de motos era estratégico: “Eles fogem mais rápido e conseguem abordar várias vítimas em sequência. Usam arma de fogo, exigem o celular, a senha e joias como alianças e cordões”. Os ataques partiam de comunidades como o Complexo do Lins, na Zona Norte, com destino a bairros como Gávea, Jardim Botânico e Lagoa Rodrigo de Freitas.
Produtos comprados com dinheiro das vítimas eram entregues em comunidades e casas de comparsas, incluindo duas mulheres presas por receber as encomendas. As joias roubadas eram avaliadas por um ourives que integrava a quadrilha — também preso — e revendidas por valores abaixo do mercado ou transformadas em novas peças.
Criminosos em motocicletas
Segundo a Polícia Militar, mais da metade dos roubos de rua na região envolvem criminosos em motocicletas. Só na Avenida Maracanã, três ataques consecutivos foram atribuídos ao mesmo grupo. A sensação de insegurança é constante: “O cara com uma pistola o tempo todo apontada para a sua cabeça. Você acha que vai morrer”, relatou uma vítima.
Em bairros como Todos os Santos e Cachambi, os relatos são de abordagens agressivas e humilhações. “Quando vemos uma moto com dois ocupantes, já ficamos com medo”, disse outro morador.
