Autoridades de São Paulo investigam pelo menos desde 2006 se a Império de Casa Verde possui elos com o Primeiro Comando da Capital (PCC). O presidente da escola de samba e vice da Liga das Escolas de Samba de SP, Alexandre Constantino Furtado, é o principal alvo da Operação Vila do Conde, deflagrada nesta terça-feira contra uma organização criminosa acusada de tráfico internacional de drogas e lavagem de capitais.
Reportagens publicadas há quase 20 anos destacaram que grampos telefônicos autorizados pela Justiça flagraram, na época, como membros da Império da Casa Verde planejaram ações criminosas com Sidney Rogério de Moraes, que foi preso e a apontado como tesoureiro da facção na Zona Norte da capital paulista. As apurações da ocasião apontaram que outros três membros da agremiação também integravam o PCC, incluindo Alexandre Constantino Furtado, que foi preso e indiciado junto a outras pessoas por envolvimento numa quadrilha vinculada a Moraes.
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As investigações apontaram, na época, que a gestão da escola usava Furtado — então chefe de ala — e outros membros para obter empréstimos sem origem especificada. A suspeita era de que a Império de Casa Verde recebia dinheiro ilícito do PCC.
A Império de Casa Verde foi campeã do carnaval paulistano em 2005 e 2006.
Segundo as investigações da operação deflagrada nesta terça-feira, Furtado é integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Agentes saíram às ruas desta vez para cumprir 22 mandados de prisão preventiva e outros 40 de busca e apreensão. As ordens foram expedidas pela 4ª Vara Federal de Belém, para endereços nos estados de São Paulo, Pará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. A Justiça também deferiu o sequestro e a indisponibilidade de bens, direitos e valores estimados em até R$ 291,5 milhões.
Pelo menos 11 mandados de busca são cumpridos na capital paulista, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP). Ordens judiciais também são executadas nas cidades do Guarujá, Leme, Sorocaba, Embu das Artes, Praia Grande e Caieiras.
As investigações começaram depois de uma apreensão de cocaína em Barcarena, no Pará, em fevereiro de 2021. Na ocasião, os policiais encontraram 458 quilos da droga escondidos numa carga de quartzo, no Porto de Vila do Conde, que tinha como destino Rotterdam, na Holanda.
Os investigadores então identificaram a logística do envio da droga à Europa e atividades voltadas à lavagem dos ganhos ilícitos. O esquema envolvia o uso de empresas fictícias e investimentos em restaurantes e outros negócios de prestação de serviços.