A Polícia Civil de Santa Catarina concluiu que o caso do balão que caiu e matou oito pessoas em Praia Grande, no Sul de Santa Catarina, em 21 de junho deste ano, foi um acidente. Treze pessoas sobreviveram à queda do inflável, que pegou fogo no ar. Os investigadores encerraram o inquérito sem indiciamentos por considerarem que o conjunto das provas não comprovou a existência de qualquer conduta dolosa ou mesmo culposa que tenha dado causa ao incêndio em voo.
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Segundo a polícia, mais de 20 pessoas foram ouvidas entre sobreviventes, testemunhas, piloto, representante dos fabricantes do balão e do extintor que estava a bordo. Laudos periciais sobre as causas e as circunstâncias do acidente também foram levados em conta, diz a PCSC, incluindo documentos de necrópsia, de identificação por arcada dentária, análise de substâncias nas vítimas, perícia em parte de óculos de sol que poderia conter gravação do acidente, criminalística de local e laudo de engenharia.
“Diante das conclusões periciais e da ausência de elementos que caracterizem crime, o inquérito policial foi concluído sem indiciamento”, disse o órgão, em nota.
O procedimento foi conduzido pelo delegado de Polícia Rafael de Chiara, titular da Delegacia de Polícia de Santa Rosa do Sul, com apoio de outras unidades da região e de diversos órgãos periciais.
Em entrevista à TV Record após a tragédia, o piloto do balão Elves de Bem Crescêncio negou ter responsabilidade pela tragédia que deixou oito mortos. Relatou que tentou conter o incêndio com um extintor, mas o equipamento não funcionou. Segundo o piloto, as chamas teriam começado em um maçarico na capa do tanque, no cesto do balão. Elves acrescentou que sua principal responsabilidade foi pelo pouso de emergência que permitiu salvar parte dos ocupantes do balão.
— Me sinto responsável pelo meu pouso de emergência, onde consegui salvar 12 vidas. Acho que fiz tudo o que estava ao meu alcance para pousar o balão e mantê-lo no chão o máximo de tempo possível — disse o piloto na entrevista.
Ele contou que percebeu o início do incêndio quando identificou um foco de fogo na capa do tanque. Conforme o relato de Elves, ele imediatamente teria jogado o maçarico para fora do cesto, por ser o único equipamento fora de posição naquele momento. Em seguida, teria tentado utilizar o extintor de incêndio, mas o equipamento falhou. Sem sucesso na contenção das chamas, orientou os passageiros a se abaixarem para reduzir o impacto com o solo.
Segundo o piloto, ao conseguir se aproximar do chão, pediu para que todos saltassem. — Quando estava muito próximo do chão, eu disse ao pessoal: ‘Pula, pula. Sai do cesto, pula’ — relatou.
Ele e outros 12 passageiros conseguiram deixar a aeronave antes que o balão voltasse a ganhar altitude. Questionado sobre o fato de ter saído do balão antes dos oito passageiros que morreram, Elves negou que tenha tomado essa decisão de forma deliberada:
— Eu não saltei, eu fui ejetado do balão — afirmou.
Ainda durante a entrevista, o piloto disse não acreditar que seja necessário um procedimento específico para orientar passageiros sobre como saltar de balões em situações de emergência.
— A borda do cesto é construída para que as pessoas não saltem. Não deveria haver um procedimento, pois é raro de acontecer — justificou.